Mudança no Facebook incentivou protestos dos ‘coletes amarelos’ na França, diz artigo

Entre as turbas de manifestantes que protestam há três semanas na França, uma grande parte afirma estar marchando contra o aumento dos preços de combustíveis e o alto custo de viver no país. Para além disso, porém, existe um limbo ideológico, com brigas emergindo inclusive entre os próprios manifestantes.
O movimento dos “coletes amarelos” —como ficou conhecido devido à vestimenta característica dos manifestantes— não é apenas uma reação às políticas do governo de Emmnanuel Macron, e sim um “monstro” nascido quase inteiramente do Facebook, de acordo com artigo do BuzzFeed News, de autoria dos repórteres Ryan Broderick e Jules Darmanin.
“Pesquisas recentes indicam que a maioria dos franceses hoje apoia os manifestantes. Os ‘coletes amarelos’ se comunicam quase inteiramente por meio de páginas pequenas e descentralizadas no Facebook. Eles se coordenam via memes e vídeos virais. Qualquer coisa que seja mais compartilhada se torna parte de sua plataforma de protestos”, diz o texto.
O artigo, que compara os protestos às jornadas de junho de 2013 no Brasil, atribui grande parte da responsabilidade pelo movimento a mudanças recentes feitas no algoritmo da rede social, que passou a dar maior visibilidade a veículos de mídia locais e a favorecer posts de familiares e amigos, em detrimento de usuários com maior distanciamento.
Segundo o site, essa alteração fortaleceu a identidade regional já existente entre os franceses e permitiu que pequenos grupos de ódio localizados se proliferassem na rede, dando voz a milhões de cidadãos de classes média e baixa que queriam fazer críticas a problemas de suas comunidades.
Os protestos atuais teriam se originado de uma petição online da parisiense Priscillia Ludosky, que defendia preços mais baixos para os combustíveis no país. A petição só ganhou força cinco meses depois de ser criada, com os valores subindo ainda mais e a partir de uma participação de Ludosky em um programa de rádio local.
Um jornal, também regional, compartilhou o conteúdo do programa em sua rede, fazendo com que uma outra petição fosse criada, esta viralizando rapidamente. Na mesma semana, uma série de grupos locais de protesto foram criados, dando o pontapé inicial na revolta e chamando a atenção da imprensa.
De acordo com o BuzzFeed, esses pequenos grupos de ódio agora propagam fake news e teorias de conspiração entre seus membros, como a história falsa de que a constituição francesa foi anulada por um decreto de 2016.
Os movimentos conseguiram acuar o presidente e já levaram o primeiro-ministro, Édouard Philippe, a anunciar que o aumento de impostos sobre os combustíveis será suspenso por todo o ano de 2019 devido à situação no país.
“Mas não há planos de o movimento terminar. (…) Faça uma rápida análise de qualquer grupo de ‘coletes amarelos’: Eles não estão comemorando”, diz o artigo.