Jornalistas serão julgados por erro em reportagem sobre primeiro-ministro do Timor Leste

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O primeiro-ministro, Rui Maria de Araujo, discursa na sede da ONU, em Nova York. Foto: UN Photo/Cia Pak

Dois jornalistas timorenses serão julgados por terem publicado, em 2015, uma reportagem crítica ao primeiro-ministro do Timor-Leste, Rui Maria Araujo.

De acordo com o jornal norte-americano “New York Times”, o repórter Raimundos Oki e seu chefe, o editor Lourenço Vicente Martins, podem ficar até três anos presos.

Eles estão sendo acusados de difamação e calúnia pelo político por terem escrito, para o jornal “Timor Post”, sobre um suposto envolvimento do primeiro-ministro em contratos estatais na área de tecnologia da informação, em 2014. Na época, Araujo era conselheiro do Ministério das Finanças do país.

Os jornalistas afirmaram que uma empresa fornecedora havia sido indicada por Araujo antes mesmo da licitação ocorrer, quando, na verdade, a mesma havia vencido a licitação.

A falha foi reconhecida pelo jornal timorense, que dedicou uma página à versão do primeiro-ministro. O editor Lourenço Vicente Martins foi desligado do cargo.

Isso não foi o suficiente para Rui Araujo, que decidiu levar os jornalistas à Corte — a liberdade de imprensa e o jornalismo investigativo sofrem ameaças com a imposição, desde 2014, de um restritivo conjunto de leis sobre a mídia.

Grupos como o Comitê de Proteção a Jornalistas e a Federação Internacional de Jornalistas já se manifestaram pedindo que Araujo desista da ação criminal. Em carta enviada ao primeiro-ministro em julho, os grupos classificaram o caso como “ataque à liberdade de expressão” e disseram que “perseguições criminais a jornalistas não serão toleradas”.

A atual editora do “Timor Post”, Santina da Costa, disse que jornalistas não devem responder criminalmente por erros cometido no exercício de sua profissão. O julgamento começa nesta sexta-feira (7).

Comentários

  1. Não entendo: se os jornalista cometeram calúnia e difamação, mesmo tendo sido publicada uma retratação pelo jornal (o que foi corretíssimo), não é injusto que os autores sejam levados à Justiça, que julgará se é pertinente ou não condená-los. Não é nenhum tribunal de exceção… Os jornalistas não são deuses, não estão acima do bem e do mal e não estão acima das leis.

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