Jornalismo financiado pelo leitor

aballes

Por Myung Baldini, trainee da turma 56

Muito se ouve falar sobre a ampliação das fontes de financiamento para a manutenção dos veículos de imprensa, que vivem um novo desafio nesta era digital.

Durante a semana de palestras que tivemos em junho, o jornalista inglês Mark Hillary falou de como alguns veículos de notícias britânicos estavam recolhendo os dados de seus leitores para refinarem os anúncios e criarem comunidades de pessoas com pensamentos afins, chegando a oferecer, como o “Guardian”, um serviço de encontros amorosos. Com informações mais detalhadas de sua audiência, a publicidade teria maior penetração, como acontece nas redes sociais.

Além da publicidade, há quem defenda que o financiamento deve vir prioritariamente dos leitores. Um deles é Glenn Greenwald, jornalista do “Guardian” que tem publicado as informações sobre os programas de vigilância e monitoramento do governo americano, vazadas por Edward Snowden.

Neste artigo ele critica a “busca por mais cliques” e diz que o contrato com o “Guardian” garante que parte de seu financiamento venha de doações anuais de seus leitores, permitindo que ele publique independentemente em outras plataformas se o jornal rejeitar algum de seus artigos.

Pode parecer um modelo promissor, mas não posso deixar de levantar algumas questões sobre sua prevalência, quando consideramos princípios jornalísticos como pluralidade e “ouvir o outro lado”. Aparentemente as pessoas estão cada vez mais, e principalmente na internet, perdendo a capacidade de conviver com opiniões diferentes e é preciso questionar se essa forma de financiamento centrada no que o leitor está disposto a pagar para ter publicado não acabaria por polarizar as publicações e tornar mais difícil a entrada de novos profissionais no mercado.

O que você acha?