Dia de estreia
Por GUILHERME SETO, trainee da turma 56
Questionado pela editora-adjunta de Treinamento, Alessandra Balles, sobre onde gostaria de passar meu primeiro dia na Redação, escolhi o caderno “Esporte”. Achei que deveria começar na Folha por onde comecei a ler o jornal quando criança.
Quando cheguei à Redação, bateu o frio na espinha. “Será que eu entendo de esportes ou só gosto deles? Quem é o goleiro da seleção de handebol masculino? O Marcelinho Huertas ainda joga na Espanha?”. O editor-assistente de “Esporte”, José Benedito da Silva, tranquilizou-me: “Você pode escrever sobre o jogo do Cruzeiro?”.
Como uma criança em loja de doces (perdoem-me o chavão, ainda estou memorizando o Manual da Redação), da minha mesa eu tinha acesso a pelo menos oito televisores, cada um transmitindo um jogo de competições e esportes diferentes –Campeonato Brasileiro, US Open, NFL. Gol, “matchpoint”, “touchdown”.
Algumas espiadelas, mas foco no jogo do Cruzeiro contra o Flamengo. Enquanto isso, eu ouvia os nomes dos jornalistas que há anos eu leio diariamente, durante o café da manhã. Eduardo Ohata sentou à minha frente e começou a conversar sobre pugilismo; Juca e PVC ligavam para confirmar se suas colunas haviam chegado; o editor-assistente retrancava o Painel F.C., do Bernardo Itri.
Escrevo então o texto. Nesse momento, resumir um jogo de 90 minutos requer clareza e concisão. Fugir dos clichês é essencial -nada de “nó tático”. O Cruzeiro havia vencido com base em muita movimentação, troca de passes e boa participação de Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. Com o resultado, alcançava aproveitamento de pontos no primeiro turno maior que o conquistado por seu lendário time de 2003, que acabou tornando-se campeão. As linhas que escrevi foram em cima disso.
Na manhã seguinte, preparei o café e abri o jornal. Comecei pelo “Esporte”, como de costume, mas desta vez com certa ansiedade. Abaixo da coluna do Juca, estava a “tripinha” que ajudei a compor -afinal, jornalismo é um esporte coletivo. Devo confessar que fechei o caderno com uma animação diferente.