A primeira vez na Redação
Por Lucas Toledo, trainee da turma 56
A primeira vez a gente não esquece. Clichês devem ser postos em xeque, mas esse é verdade. No último sábado (7), tivemos nossa primeira experiência na redação da Folha. Grupos de trainees em editorias diferentes.
Ao lado do colega Paulo, fui destacado para cobrir notícias para o caderno “Mundo”. Minha predileção, tive sorte. Os temas de relações internacionais são os que mais me interessam e por isso talvez o trabalho tenha ficado mais fácil. Ainda não posso falar sobre o dia a dia nas outras editorias, mas “Mundo” é dinâmico (ao contrário do que ouvi nos corredores por aqui). Notícias chegam a cada minuto, de vários países e em vários idiomas. Os correspondentes nos ligam e pedem que liguemos para acertarem detalhes da publicação. TVs ligadas em canais internacionais transmitem notícias a cada momento. Olho nas duas telas.
Análises sobre as crises internacionais precisam ser traduzidas. Quem falou que tradução é transliteração? Nada disso. Reduzir um texto à metade, em outro idioma, é um trabalho jornalístico. O leitor precisa compreender assuntos que não fazem, muitas vezes, parte do contexto nacional. Traduzir palavras não é o mesmo que traduzir ideias e conceitos, instituições e relações. No corre-corre para fechar a edição de domingo, o trabalho tem que ser feito com qualidade e com velocidade. Uma atividade surge junto à outra:
– “Alguém está livre? Preciso de uma tradução! Alguém pode retrancar a página 24? Preciso de uma nota agora…”, anuncia o chefe do plantão. A redação não é um hospital, mas para quem já esteve em um pronto-socorro, plantão jornalístico pode ter semelhanças no que se refere à atenção e à urgência.