A importância do relacionamento com a fonte

Paula Leite

Por Juliana Gragnani, trainee da turma 54

Gustavo Romano, nosso professor de Direito, nos fez a seguinte pergunta ontem: “Qual é o bem mais precioso de um jornalista?”

Para alguns, a resposta foi a informação. Mas nossa informação, na maior parte das vezes, tem bastidores: as fontes, talvez o bem mais importante de todos. Romano nos deu orientações de como preservar nosso relacionamento com as pessoas que se disponibilizam a nos fornecer informações para nossas reportagens. Pediu que ligássemos, no fim do dia, às fontes com as quais tínhamos conversado durante o dia para dar um retorno sobre nossas reportagens (se iam ser publicadas ou não) e agradecermos as entrevistas.

O resultado disso foi muito positivo. Em geral, as fontes agradeceram a atenção já que, muitas vezes, ficam apreensivas para saber se terão seus nomes publicados em reportagens ou não. Além disso, provavelmente lembrarão nossos nomes como os de repórteres no mínimo educados.

Em alguns casos, a ligação à noite rendeu outros benefícios. Para uma trainee, foi interessante porque o assessor da fonte a incluiu no mailing do assunto de seu interesse. Para outra, foi produtivo porque a pessoa do outro lado da linha havia lembrado de outras informações úteis para passar à trainee, que não teria tido acesso a elas se não tivesse ligado novamente para a fonte.

Ao longo do treinamento, não foi só Romano que nos ensinou técnicas para preservar nosso relacionamento com a fonte. Já havíamos escutado de vários editores, colegas e palestrantes a importância disso.

Por isso, separei algumas dicas para tratarmos com carinho o bem mais precioso do jornalista:

– Organizar as fontes em um banco de dados: ter tudo elencado em uma planilha pode ser muito útil na correria de última hora para encontrar o telefone daquela fonte

– Passar a limpo os telefones do bloquinho: ao longo do dia, anotamos vários telefones, de modo desorganizado, nas folhas soltas do nosso instrumento de trabalho. É muito importante lembrar de passar a limpo no dia, já que depois disso podemos facilmente esquecer o nome do dono do telefone

– Criar um documento compartilhado para dividir telefones de fontes com os colegas: essa dica veio do meu padrinho da Folha. O telefone da fonte não é mais importante do que seu relacionamento com ela, então não há problema em passar seu telefone (a não ser que seja o telefone daquela fonte importantíssima e exclusiva, claro) se o relacionamento do seu colega com ela é diferente do que você veio, com segurança, preservando. Além do mais, você tem a vantagem de ter acesso a outros telefones também

– Mandar e-mails periódicos para não perder o contato: é sempre bom a fonte lembrar que você existe!

– Ligar para a fonte de tempos em tempos para saber como ela está (pode até perguntar sobre sua vida, sua família…): em algumas situações, ela pode até “liberar” algumas pautas ou dicas durante a ligação

– Convidar a fonte para almoços ou cafés: nem todo mundo tem tempo, mas é um ótimo investimento a longo prazo

E você, tem alguma outra dica?

Comentários

  1. Ótimas dicas. Minha agenda já está com mais de 2.700 contatos. Claro que nem todos são fontes, no sentido daquelas que você chama pra almoçar, mas esses contatos, numa planilha de Excel, são uma das coisas mais preciosas que eu acumulei desde 2006. Importante: faça back-up dessa agenda de tempos em tempos, em vários locais! Tenho em pendrives, no HD externo, no meu laptop, no meu Gmail…
    Outra coisa que me chamou a atenção nesta sua parte do post: “Para outra, foi produtivo porque a pessoa do outro lado da linha havia lembrado de outras informações úteis para passar à trainee, que não teria tido acesso a elas se não tivesse ligado novamente para a fonte.” Lembre-se sempre de deixar seus contatos com o entrevistado, na primeira conversa. Assim, esse risco de ele não ter como falar algo importante para você nunca vai existir. bjos

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