Mapa de pautas

Paula Leite

Por Giuliana de Toledo, 22, trainee da turma 54

Em uma das salas de aula da Editoria de Treinamento, há um mapa enorme da cidade de São Paulo cobrindo uma das paredes. O quadro deve ser banal para um paulistano, mas, para uma trainee forasteira como eu, o painel impressiona não só pela vastidão do território da capital paulista mas pela grande quantidade de bairros de que pouco se ouve falar fora daqui. Alguns são cobertos raramente até mesmo pela imprensa local.

Mapa de São Paulo
Mapa de São Paulo na Editoria de Treinamento

 

Assim, entre uma aula e outra, sempre tento olhar para um canto diferente da metrópole. Cada novo nome avistado vai para uma espécie de lista mental que tento armazenar para uma futura pauta. Espero que, aos poucos, o meu mapa de lugares percorridos como repórter complete essa lista de lugares a serem desvendados.

Cidade Tiradentes, na zona leste, já havia entrado na lista há tempos (“é curioso um bairro ter nome de ‘cidade’”, pensei em um dos primeiros dias e fiz uma nota mental) e pude conhecer o bairro durante meu plantão na cobertura do primeiro turno das eleições municipais.

Com trânsito engarrafado desde o centro, foram quase duas horas de viagem de carro para chegar lá, o ponto mais leste de São Paulo em que já estive. Em Porto Alegre, minha cidade natal, não me lembro de ter passado tanto tempo viajando de carro para chegar a qualquer lugar, principalmente em um domingo.

De Cidade Tiradentes, trouxe algumas anotações no bloquinho sobre a boca de urna intensa que acontecia em duas das quatro escolas que visitei (que resultaram em uma reportagem sobre boca de urna lá e em outros bairros).

Voltei à redação com o projeto da “lista de bairros a conhecer” reforçado. Que a rotina não me faça esquecer de buscar as histórias que acontecem nessa São Paulo pouco retratada – ainda que a viagem seja longa.

Comentários

  1. Infelizmente, alguns bairros ganham mesmo muito mais destaque do que outros. No caso da Folha, Higienópolis, Jardins e Aclimação são palavras mágicas para um alto de página. Ou então “USP” e “avenida Paulista”. Mas cabe ao repórter tentar sempre encontrar boas histórias nos bairros mais distantes. Se a história for boa mesmo, não haverá como não sair.

  2. Não é o caso de Cidade Tiradentes, mas há bairros que começaram a vida como cidades autônomas antes de serem incorporadas por São Paulo. É o caso do distrito de Santo Amaro.

    []s,

    Roberto Takata

  3. Giu, essa é a maior lição que você pode dar para os repórteres paulistanos. Gostei muito do texto. Seu olhar é um exemplo. 😉

Comments are closed.