As desventuras do jornalismo de mentirinha
Por Beatriz Izumino, trainee da turma 54
Duas semanas atrás nós recebemos um desafio novo: propor uma pauta quente, que deveria depois ser apurada e escrita em menos de uma semana. Para quem vinha suando para pensar em pautas siberianas e quase completamente fictícias – nosso status de “café com leite” quase sempre garante que nossas propostas continuarão imaginárias – ter que apresentar uma opção viável para investigação era motivo o bastante para perder o sono.
Na terça-feira, os golpes rápidos e certeiros da nossa chefe interina Rachel Botelho puseram ao chão algumas das nossas pautas (a minha entre elas) antes que pudéssemos sequer abrir os nossos bloquinhos. As quatro sobreviventes foram distribuídas pelo grupo e lá fomos nós, exercitar os nossos músculos jornalísticos.
O primeiro passo era apurar melhor as propostas que havíamos enviado. Aproveitando a manhã ociosa, Bruno, Joelmir e eu decidimos ir para a rua observar ao vivo o objeto da nossa pauta. Queríamos falar sobre o Programa de Proteção ao Pedestre, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que pôs agentes à paisana atravessando algumas das ruas mais movimentadas da cidade e fazendo o “gesto da mãozinha”, para ensinar pelo exemplo.
Chegamos à rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, inspirados pela nossa própria excitação.Sair da sala do Treinamento para apurar uma história a tornava concreta, o nosso jornalismo um pouco mais verdadeiro. Por isso, encontrar o repórter Thiago Azanha, colaborador de Cotidiano, que estava lá para cobrir a mesma pauta – só que pra valer – foi um pouco decepcionante. Alentamos-nos com o fato de que a nossa ideia não era ruim, afinal ela sairia na edição do dia seguinte.
Fizemos o serviço completo: entrevistamos os funcionários da CET, conversamos com pessoas na rua e até trocamos impressões rapidamente com o Azanha. Seguimos em frente e escrevemos o texto, indo como sempre muito além do limite já generoso de linhas que recebemos da Rachel. E, é claro, lemos com atenção o texto publicado para aprender onde poderíamos ser mais sucintos e onde poderíamos investir mais.
Não foi desta vez que conseguimos passar do jornalismo de mentirinha do Treinamento para o de verdade, da Redação. Já o Gastón, a Juliana e o Rafael tiveram mais sorte na sua empreitada e emplacaram um texto na edição online, sobre a cobrança de taxa de conveniência na venda dos ingressos do Lollapalooza. Parabéns pra eles!
Prezada Beatriz (por favor leia o comentário abaixo ANTES de ler esse).
Como você deve ter percebido sou apenas um leitor curioso.
Sinceramente não consigo entender como cai a pauta sobre “educação no trânsito” e fica a pauta do “lollapallooza”. Qual o critério? É analisado o leitor médio? Se isso é verdade, a FSP fez a opção por abandonar o leitor mais qualificado? Sinceramente não entendo como o editor-chefe participa de um evento como o SIP num hotel sofisticado em SP e ninguém apresenta uma pesquisa com o leitor. Qual afinal é o público da FSP? Se não for o meu pefil, com humildade vou aceitar. O que não consigo entender a busca de um “leitor qualificado” e ao mesmo tempo fazer uma matéria sobre Lollaoallosa. Provavelmente devo buscar outro veículo, é isso? Ou devo escrever diretamente ao Ombudsman?
Grato
Ramiro
Prezada Beatriz, escrevo para você (futura jornalista), pois a interação no blog é nula. (inclusive sugeri fechar o blog para leitores, pois tenho 50 anos e sou leitor assíduo da FSP – e sou ignorado). Detalhe: sou engenheiro e não tenho intenção em ser jornalista.
Com humildade reconheço que a interação com os leitores não é desejável no processo de treinamento (as respostas continuam evasivas). Quem sabe você possa me ajudar.
Acabo de ler a matéria : http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1166674-professor-simula-rasteira-e-pai-faz-boletim-de-ocorrencia.shtml
Este assunto é pertinente ao leitor médio? Existam assuntos relacionados a educação menos superficiais? Por exemplo o nível médio em matemática de um aluno com 10 anos?
Um editor não percebe que um tema como estre acontece todo dia? E todo dia um aluno se forma é um analfabeto funcional?
Já disseram:procure o Ombudsman. Eu tenho esperança que o assunto seja debatido durante o processo de formação dos alunos.
Grato e espero que você possa abordar o assunto.
Ramiro