Jornal nosso de cada dia
Por Gastón Salinas, trainee da turma 54
Temos uma rotina frenética aqui na Editoria de Treinamento. Por ora, estamos bem nutridos de atividades teóricas e um ou outro exercício prático. Nos encontramos numa fase propedêutica, num aquecimento; mas é preciso ficar atento para as oportunidades de transição entre teoria e prática que podem aparecer num piscar de olhos.
Foi o que me aconteceu há 14 dias. Era terça-feira e tínhamos assistido a diversas aulas. Porém nos esquecemos de ler o jornal antes do expediente. Ao término do dia, nos reunimos com Izabela Moi para fazer um balanço das atividades feitas até então. Antes de começar, porém, ela fez uma terrível pergunta: “quem leu o caderno de Ciência e Saúde hoje?”. Um breve silêncio respondeu negativamente a sua pergunta, revelando nosso constrangimento mútuo.
Após nos dar um puxão de orelha, tia Iza fez uma revelação muito animadora. “Pergunto isso porque tenho dois ingressos para a palestra no ‘Fronteiras do Pensamento’ de hoje à noite. Alguém sabe quem vai falar?”. Lembrei-me vagamente que, no dia anterior, tinha lido uma nota sobre o evento, no qual uma neurocientista inglesa apresentaria suas pesquisas mais recentes.
Tia Iza daria os ingressos para as duas almas que primeiro se apresentassem. Achei que nos digladiaríamos por eles mas, ao contrário, um novo silêncio se seguiu, indicando que ou a palestra prometia ser muito desinteressante, ou uma implícita troca de gentilezas impedia que alguém se manifestasse primeiro. Conversamos um pouco e, por fim, Joelmir e eu aceitamos a missão que teria início dali a 40 minutos. Agendamos um carro, pegamos um sanduíche com mortadela e partimos para a Sala São Paulo, conseguindo nesse meio tempo ir em busca da leitura perdida.
A palestra em si foi uma daquelas agradáveis surpresas. Após uma brevíssima apresentação de coral, protagonizada por alunos do Mackenzie, Susan Greenfield surgiu no palco da Sala São Paulo e expôs as ideias gerais das pesquisas que atualmente desenvolve. Sua apresentação se dividiu em três partes: uma introdução geral sobre como o cérebro funciona; um resumo das pesquisas recentes que avaliam os impactos fisiológicos e cognitivos das; e um balanço sobre os prós e contras desses impactos.
Ao fim da apresentação, tão interessante quanto digerir seu conteúdo foi constatar que o que fizemos se assemelha muito a uma cobertura de última hora de um evento. Essa ausência de rotina, paradoxalmente, parece ser a rotina do jornalista. E ler o jornal te deixa menos desprevenido.
Mais uma vez o TAKATA acertou na mosca. Existe uma séria deficiência em matemática. É muito comum errarem medidas de superfícies e volumes. A “fonte” fala um absurdo sobre volumes e é publicado. Fica a dica. Somos o 57 o país em 59 países avaliados no PISA. O PISA avalia entendimento de textos e matemática básica.
É o resultado de anos investindo em BBBs.
Eu iria de uma terceira ou quarta alternativa: a) a maioria dos jornalistas não se interessam particularmente por ciências; b) mesmo que se interessem, acham um tema muito difícil.
[]s,
Roberto Takata