Trainees ou agentes da CIA?
Por Gabriela Bazzo, trainee da turma 54
Dia desses, comentávamos no Facebook as habilidades desejáveis para um trainee em jornalismo da Folha. Entre tantos depoimentos, meu colega Rafael Andery fez o genial comentário: “se você for bom em tudo isso, até na CIA você trabalha”. E, de fato, é mais ou menos por aí.
Iniciamos hoje nossa quinta semana de Treinamento no jornal. Embora um mês já tenha passado, ainda me sinto estrangeira em São Paulo e meus dias nunca foram tão longos e intensos. Se eu fosse definir esse período vivido pela turma 54 em uma palavra, ela seria multimídia.
Mesmo que o carro-chefe da Folha seja o produto em papel, nossas aulas vão desde infografia e videorreportagem até o papel dos Brics no contexto mundial. Nossos editores e (futuros) colgas são enfáticos: o jornalista mais preparado será aquele que concentrar o máximo de habilidades multimídia. É cada vez mais imprescindível que o profissional da área tenha, além de um texto impecável, conhecimentos sobre vídeo, foto, redes sociais e tudo mais que for possível. Precisamos também ter noções básicas de infografia, pensar no texto, na foto, na arte e, é claro, jamais esquecer da internet. Esqueci de mencionar a habilidade em lidar com bases de dados, RAC (reportagem assistida por computador) etc.
Semana passada, para aprender a escrever para a versão impressa da Folha, fomos apresentados ao Jazbox, sistema que monta as páginas que chegam às mãos dos leitores. Depois do fascínio imediato – sim, é incrivelmente divertido ver uma página da Folha ser “criada” no seu computador e digitar comandos que parecem mágica – veio o friozinho na barriga em pensar que em pouco mais de dois meses estaremos fazendo isso para valer. E se engana quem pensa que esse sistema é simples: três apostilas serão nossas companheiras pela Redação afora e, fatalmente, não nos salvarão de todas as peripécias do Jazbox (ou talvez das nossas peripécias no Jazbox). Depois da nossa primeira aula, com cinco horas de duração, teve gente que até sonhou com o tal programa…
Ao longo das nossas semanas, também entram aulas de inglês, português, oficina de texto… Quanto mais o tempo passa, mais percebemos o quanto ainda precisamos estudar, aprender, perguntar, pesquisar, fuçar, errar, participar de plantões… Vida de trainee é isso. E, provavelmente, vida de jornalista profissional também.
Para agente da CIA acho que ainda falta muito.