Por Miguel Martins, 26, trainee da turma 54

Imagine a cena: três trainees de jornalismo, formados em tudo (historia, direito e publicidade) menos jornalismo, entrando como penetras na primeira coletiva de imprensa de suas vidas.

Na quarta-feira passada (12/9), recebemos a missão de buscar uma pauta de rua. Decidimos escavar alguma história nas imediações das obras do Arena Corinthians, futuro estádio da abertura da copa de 2014.

Por obra de um senhor acaso, acabamos no evento de lançamento das obras do Complexo Viário Itaquera, que contava com a participação do governador Geraldo Alckmin, do prefeito da cidade, Gilberto Kassab e do presidente da CBF, José Maria Marín.

Bateu aquela dúvida. O nosso objetivo era descobrir uma pauta na rua, ao melhor estilo João do Rio. Como tirar algo autêntico de um evento programado que tinha a presença dos dois principais políticos de São Paulo e de todos os canais de TV?

Decidimos ficar. Abandonar o navio depois de entrar de gaiato não teria sentido. Ficamos observando aquilo quase como antropólogos, um tanto distantes dos outros jornalistas. Estávamos mais perto dos operários, que assistiam a tudo debaixo de sol forte, enquanto imprensa e políticos estavam protegidos sob uma tenda.

Após discursarem brevemente, os ilustres convidados citados acima posicionaram-se para a entrevista coletiva. Não estávamos ali para cobrir o evento em si, mas ficamos próximos dos jornalistas, tentando ouvir as perguntas e respostas. Fora um corneteiro que pedia a saída de Mano Menezes da seleção, não conseguimos entender uma só palavra.

Com a promessa feita por uma assessora de imprensa de nos mandar o áudio da coletiva, ficamos reparando em gestos e expressões. Ao final da rodada de perguntas, Marín foi alvo de uma saraivada de tapinhas nas costas da dupla Alckmin-Kassab. Tudo para acelerar o fim do evento.

E a campanha política 2012 não estava tão longe. O PTB estava representado no evento pelo candidato a vereador Chico Lang, comentarista esportivo da TV Gazeta. Ele distribuiu santinhos e deu autógrafo a um fã corintiano.

Alckmin operou uma escavadeira, com a agilidade que os rituais de lançamentos de obras exigem, e estava terminado o evento.

Não conseguimos uma história muito interessante. Mas a experiência acabou sendo valiosa.