Ler jornal é o pão nosso de todos os dias

izabela moi

Por Leonardo Vieira, 24, trainee da turma 54

“Como vocês querem ser jornalistas e não leem jornais?”
 
Quem estudou jornalismo provavelmente já ouviu essa pergunta de algum professor desesperado com o hábito de leitura de seus alunos. Como a maioria da turma, confesso que, no início da graduação, eu achava meio exagerado da parte dele. Afinal, quem teria tempo de ler jornais todo santo dia?

No entanto, resolvi dar ouvido ao professor e, a partir do segundo período da faculdade, fiz a assinatura do jornal da minha cidade. De início, lia apenas a parte de política, o que me tomava eternos 40 minutos diários. Haja paciência!

Meu interesse foi aumentando com o tempo. Sem quase notar, eu já passava os olhos pelas páginas de economia, cultura. Tentava entender até os editais de licitações de órgãos públicos.  

Mas eu só pude perceber o real valor da leitura diária quando entrei pela primeira vez numa Redação. Não bastava escrever bem. A intimidade com o jornal, adquirida com a leitura diária, me permitiu apurar melhor, hierarquizar informações e propor pautas de acordo com perfil de cada editoria.

Sentia-me mais seguro quando um editor se aproximava de mim e pedia: “Resgata a história tal, dá uma ‘suitada’, puxa retranca para determinado assunto e esfria a pauta para domingo”. Jargões jornalísticos à parte, estar mal informado torna praticamente impossível nossa sobrevivência.

E na Folha não seria diferente.

Como bom carioca, meu maior desafio é chegar ao treinamento com o jornal já lido, às 11h da manhã. Desafio porque, antes disso, é preciso acordar cedo, tomar banho, lavar roupa, fazer barba, tomar café e pegar duas das quatro linhas do metrô, o que para mim é algo completamente exótico. Sem contar os nomes das novas ruas, bairros, autoridades e outras peculiaridades locais com que eu tenho de me acostumar. E para isso, novamente, a receita começa com “ler jornal”!

 

Comentários

  1. gosto de ver os novos talentos que vao surgindo. Redação simples, franca e que, na minha opinião, expressa o pensamento da maioria das pessoas, porque, eu mesma, que não sou do meio profissional, tenho muita dificuldade para ler jornal diariamente. Correrias da vida moderna!

  2. Adorei o texto, as expressões e os jargões jornalísticos que foram utilizados. Com poucas palavras você conseguiu transmitir a ideia que nós, estudantes iniciais, sentimos quando entramos na universidade. Ao mesmo tempo, conseguiu passar a sensação de como são utilizadas as expressões do dia a dia e como são feitas as cobranças.
    No seu “desabafo” também consegui ter a sensação dos meus primeiros períodos na academia, a ansiedade do primeiro estágio e como serão as próximas lutas.
    Boa sorte! Tá no caminho super certo.

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