Das vantagens de ser um jornalista iniciante
Cristina Moreno de Castro
A leitora Juliana, de Beagá, pediu um post sobre as vantagens de ser um jornalista estagiário ou recém-formado — enfim, um iniciante.
Consegui pensar em algumas:
- Temos mais entusiasmo, porque tudo parece um desafio novo e excitante.
- Temos um leque imenso de opções de mercado, justamente por ainda não termos bem definido uma área de atuação, editoria ou caderno — ou mesmo tipo de veículo em que queremos trabalhar.
- Por ainda não termos o item acima definido, é mais fácil trocar e experimentar as áreas e temas com mais frequência.
- Por podermos experimentar mais, esse é o momento em que, na prática, descobrimos nossos gostos e aptidões e podemos investir mais num rumo a tomar.
- Temos um “desconto” maior quando erramos. Afinal, todos sabem que estamos ainda aprendendo e que podemos aprender com os erros.
- Costumamos ser mais jovens e animados, mais dispostos a aprender novas habilidades e talvez até esse aprendizado seja mais fácil de acontecer nessa etapa da vida (por exemplo, é mais fácil aprender a editar vídeo nessa hora do que depois de vinte anos de impresso).
- Apesar de não termos muito conhecimento prático, ainda estamos com todas aquelas teorias e discussões acadêmicas fresquinhas na cabeça. E elas são úteis por trazer reflexões, que aos poucos vamos esquecendo de ter, na correria do dia a dia.
- Podemos (pra não dizer devemos) ser mais humildes, porque sabemos que ainda temos um loooongo caminho a trilhar. Humildes para assumir erros, pedir conselhos e ajuda ou grudar numa pessoa mais experiência, por exemplo. E isso tudo é muito bom pra uma profissão como a nossa e deveria nunca ser perdido, mesmo com a “velhice”.
- Ainda não adquirimos certos vícios da profissão e temos mais cuidado ao apurar tudo direitinhozinho, nos mínimos detalhes, ouvir todos os lados, transcrever as aspas do gravador etc. Do mesmo jeito que a prática forma (e nos torna mais ágeis, nos dá malícia etc), ela também deforma.
- Recém-formado costuma ter muita dificuldade de encontrar pautas, inclusive porque ainda não possui fontes. Mas, por outro lado, também costuma ter o olhar mais fresco para as pautas mais criativas, aquelas que dependem mais da observação. Isso tem a ver com o item acima, inclusive.
- O recém-formado ainda não entrou nas fofoquinhas de Redação, nem despertou invejinhas malas de qualquer ambiente de trabalho, nem gerou ou criou antipatia de alguém.
- E, quando vê o trabalho publicado, mesmo que seja só uma primeira notinha, se enche de orgulho e alegria. Vamos ficando maus autocríticos e exigentes com o tempo e nada se compara a essa satisfação de “lamber a cria” depois de publicada com o maior esforço, ainda mais na primeira vez 😀
E vocês, conseguem pensar em mais vantagens dessa etapa da vida?
Nossa, Cris! Que monte! kkkkkkkkk. Nem naquele dia em que eu estava super feliz e saltitante por causa do meu início de carreira, eu consegui pensar em tanta coisa assim! rs
Estou com a Ariadne. Também não me enquadro no item 5. Mas acho que isso depende muito do veículo. Pela minha pouca experiência de vida, rs, empresas menores costumam ser menos tolerantes aos erros do que as maiores e isso em várias áreas de atuação. Talvez as menores possuam uma compreensão diferente das coisas ou o foco é voltado para outros ângulos.
Ou elas têm menos estrutura e, portanto, precisam contar mais com cada um dos poucos funcionários disponíveis, inclusive os iniciantes 😉
Faz sentido =D
É Ju! E apesar de tudo eu sinto uma falta que não cabe no peito. Não ganhava lá essas coisas (lá pouquíssima coisa pra falar a verdade). Hoje ganho rasoavelmente bem, porém não tenho aquela adrenalina que eu tinha de passar a tarde toda em baixo de uma árvore esperando motorista. De voltar pra redação com o carro lotado e sorrindo. De ter que decupar uma entrevista depois do horário de trabalho, depois da faculdade, depois que todo mundo já está voltando da diversão, depois que todo mundo já foi dormir, depois que não tem mais nada na tv, nem no facebook, nem no twitter e nem em lugar nenhum. rs Tudo isso me fazia a estudante de jornalismo mais feliz. Adorava entrar às 6h30 da madrugada, ir pra delegacia ver o que aconteceu na pacata madrugada da minha cidade. Voltar pro jornal. Receber crianças para visitas monitoradas e falar sobre jornalismo pra elas e que essa é uma das melhores profissões do mundo. (de enganar as crianças) hehehe Enfim! Quanta coisa boa que eu vivi! Logo estarei nessa de novo! É o que me faz feliz.
Ariadne, exercer a profissão é tão bom, que só de você contar eu já me empolgo com o dia a dia do jornalista =). Eu ganhava R$ 130 em uma emissora de tv e aquela época foi uma das mais felizes da minha vida. Conhecer mais a fundo e viver o jornalismo é gratificante, realmente. E trocar experiências neste espaço é ótimo também =D
Olá!
Sou recém-formada e tenho bastante experiência, já cheguei a assinar matéria para o jornal Agora SP e outras publicações, mas atualmente trabalho para um portal onde faço matérias muito legais de arquitetura e design, entrevisto muita gente e tudo, mas não posso assinar minhas reportagens. Só quem procura o expediente, que fica bem escondido, consegue ver que eu trabalho lá. Além disso, sirvo como ghostwriter da minha chefe na coluna dela numa revista grande e também escrevo os boletins dela para o rádio.
Isso prejudica a minha carreira? Há o risco de eu mandar as matérias não assinadas e as pessoas acharem que eu estou roubando texto alheio?
Acho que não, Carol. A menos que sua chefa minta sobre seu trabalho não-assinado, o que é pouco provável. Quem atua como redator, por exemplo, não assina também, nem no expediente do jornal, mas também faz um importante trabalho, que vai figurar no currículo. bjos
Adorei esse texto, porém o único tópico que não me enquadrei foi o 5. Minha ex chefe era demais de exigente e isso me fez uma estudante/jornalista, muito melhor. Quem derá eu ter ela por perto a todo instante. Saudades dos tempos de jornal diário 😀
Ainda bem então! Chefes exigentes em começo de carreira são bons, principalmente quando também reconhecem os acertos 😉
“…apurar tudo direitinhozinho…” foi demais…
Beijos, Cris…
😀