Mídia americana traiu os pobres, acusa jornalista em novo livro
Suzana Petropouleas
Em seu novo livro “Bad News: How Woke Media Is Undermining Democracy” (Más notícias: como a mídia desconstruída está minando a democracia, na tradução do inglês), Batya Ungar-Sargon, editora-adjunta de opinião da revista Newsweek, defende que os jornalistas americanos apoiam-se em pautas como o antirracismo para “mascarar seu desprezo pela classe trabalhadora”.
Em artigo para o site Unherd sobre a obra lançada em outubro, Ungar-Sargon lança um olhar provocativo sobre a elitização das Redações e do público-alvo dos jornais, que estaria na raiz da desconfiança da mídia tradicional por parte da classe média, como apoiadores do ex-presidente Donald Trump.
Embora reconheça que o racismo é um problema que demanda soluções urgentes, a autora afirma que a defesa de pautas raciais tornou-se uma lucrativa estratégia da mídia americana para aparentar que defende os interesses do povo — premissa central do jornalismo, de acordo com Joseph Pulitzer — enquanto se esquiva de abordar os desafios econômicos da classe média e os privilégios da elite da qual os jornalistas agora fazem parte.
A autora argumenta que os profissionais se desconectaram das origens do jornalismo no país, que remete ao boom de tabloides populares que abordavam os anseios da classe média e circularam a partir de 1830.
Os leitores também mudaram. Deixaram de ser as massas de trabalhadores que compravam os jornais populares a um centavo de dólar e tornaram-se a elite escolarizada, influente e liberal nos costumes que garante leitura e engajamento aos veículos agora online.
Conforme o jornalismo se elitizou no último século e seus profissionais passaram a integrar a elite cultural e econômica, eles deixaram de lado temas importantes para os trabalhadores, como perdas salariais e a desigualdade econômica do país.
“Em vez disso, um pânico moral em torno da raça e uma obsessão por causas antes restritas ao meio acadêmico — como abertura das fronteiras, interseccionalidade, antirracismo e antissemitismo — forneceram um álibi conveniente para uma elite que ainda se vê como defensora dos oprimidos”, Ungar-Sargon escreveu no artigo.
Reduzidos ao rótulo de racistas pela mídia progressista, trabalhadores que votaram em Trump em 2016 motivados por receios econômicos (como a perda de empregos para imigrantes) buscaram refúgio em outras fontes de informação, afirma. “A mídia conservadora talvez não faça muito para ajudar os menos afortunados que perderam renda, mas pelo menos não faz pouco caso da classe trabalhadora enquanto os abandona economicamente.”
Bad News: How Woke Media Is Undermining Democracy
Preço: US$ 26,09 (R$ 148,19; 280 págs.)
Autora: Batya Ungar-Sargon
Editora: Encounter Books