Conheça os trainees da 65º turma de jornalismo diário da Folha

Em uma decisão histórica, a Folha realiza neste ano o primeiro programa de treinamento de jornalismo diário voltado para profissionais negros.

Após seleção entre 2.388 inscritos, 18 trainees participam do 65º Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha. 

O programa teve início em 10 de maio e é a segunda edição realizada online, seguindo as medidas de isolamento social. 

Os participantes vêm de seis estados diferentes, das regiões Sudeste e Nordeste. A faixa etária varia entre 20 e 35 anos.

Durante o treinamento, os trainees têm aulas de jornalismo diário, direito, economia e língua portuguesa, além de produzirem uma reportagem final que será publicada no jornal. 

A coordenadora desta turma é a editora de Diversidade, Flavia Lima. 

O treinamento é patrocinado pela Philip Morris Brasil e tem apoio do Nelson Willians Group.

 

Conheça abaixo os participantes:

 

 

Anelise Gonçalves

Anelise Gonçalves, 23, nasceu e foi criada no subúrbio carioca. Na infância, sonhava em ser enfermeira, fez um curso técnico, mas não se encontrou. Também pensou em estudar relações internacionais, conseguiu uma bolsa de estudos, mas não pôde se matricular porque ainda estava no ensino médio. Por se considerar comunicadora e curiosa, optou pelo jornalismo. Hoje, é estagiária de marketing internacional na Rede Globo, trainee de jornalismo na Folha e pretende concluir o curso de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) neste ano.

 

Catarina Ferreira

Catarina Ferreira, 25, cruzava todo dia 43 quilômetros, do Itaim Paulista, zona leste, até a USP, no Butantã, onde fazia jornalismo. Pegou gosto por educação e hoje, formada, trabalha no Instituto Arte e Escola. A escolha profissional foi incitada pelo pai com revistas semanais. No cursinho pré-vestibular descobriu seu potencial e conheceu o namorado, com quem agora mora na Penha. Sua mãe foi faxineira em uma escola e a irmã mais velha, formada em pedagogia, é coordenadora.

 

Isac Godinho

Atenção à receita: misture uma colher de paixão pela culinária a uma porção de amor ao jornalismo e mexa. Deixe a massa descansar na cidade de Conselheiro Lafaiete, no interior de Minas Gerais, e cozinhe. A história do jornalista Isac Godinho, 26, abre o apetite sobre como sua profissão e a gastronomia podem se harmonizar. Autor do livro “Cozinha em prosa – Sabores da culinária mineira”, Isac é formado pela Universidade Federal de Viçosa.

 

Jairo Malta

Jairo Malta, 33, já trabalha na Folha, no núcleo de imagem, além de escrever o blog Sons da Perifa. Filho de pai tecelão e mãe costureira, foi criado com suas irmãs no Grajaú, em São Paulo. Começou a trabalhar com diagramação aos 16 anos e se formou em artes gráficas pela USP. “Se sou jornalista, se sou designer, se faço direção de arte, se sou fotógrafo, eu não sei o que eu sou. E isso é uma coisa muito boa.”

 

João Gabriel Telles

Definindo-se como um “cara muito curioso”, João Gabriel Telles, 20, gosta de literatura, documentários “reflexivos” e música indie. Filho de pais separados, com três irmãos por parte de pai, João nasceu em Goiânia, mas passou parte da infância em Luanda, na Angola, devido ao trabalho de sua mãe. Em 2010, voltou para Goiás e passou a adolescência em Corumbá de Goiás, uma cidade de interior. Cursando jornalismo na USP, está feliz de morar em São Paulo. “A ideia de voltar a viver em uma cidade grande me atraía muito.”

 

Letícia Ferreira

Letícia Ferreira, 28, nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo, e soube que poderia fazer uma faculdade de graça aos 14 anos por um professor que conheceu no projeto de menor aprendiz. Um ano depois, decidiu que queria fazer jornalismo e optou por Bauru, cidade mais barata que São Paulo. Enquanto estudava na Unesp, estagiou em agências da ONU e trabalhou na campanha de um deputado. Em São Paulo, trabalhou para revistas e portais digitais. Depois de tantas experiências, aguarda o dia em que conseguirá uma vaga de jornalista política, seu maior objetivo.

 

Marcelo Azevedo

Na adolescência, Marcelo Azevedo, 21, acostumou-se a ver colegas chegarem à escola conduzidos por motoristas particulares, enquanto ficava horas no transporte para chegar ao colégio militar em Salvador. “Tinha muita vergonha de dizer que não fazia parte daquele universo”, diz. Cursando jornalismo na UFBA, Marcelo deixou a vergonha de lado e faz estágio no jornal A Tarde.

 

Marina Costa

Marina percorria a Rua Silva Bueno, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, quando uma cena atraiu a atenção: microfone em punho, uma mulher conversava com uma câmera. “Era a repórter Ana Brito, da TV Globo”, conta. Empolgada, venceu a timidez e disse à jornalista que sonhava seguir a mesma carreira. Dez anos depois, Marina Costa, 21, é recém-graduada pela Faculdade Paulus de Comunicação (Fapcom). “Cheguei aqui, mas e agora?”, se pergunta.

 

Matheus Rocha

Ao falar sobre o Rio de Janeiro, onde vive, Matheus Rocha, 25, cita a violência policial. Morador da Cidade de Deus, conta que já precisou se esconder em casa enquanto ouvia tiros vindos das ruas. Movido pela inquietude e pela escrita, que o levaram a ser jornalista, Matheus destaca também a efervescência cultural do seu bairro. Aprendeu, diz, a enxergar e contar histórias sobre a beleza de todos os lugares, qualidade que exerce nos trabalhos que faz para a ONG Uma Gota no Oceano.

 

Paola Ferreira Rosa

Quatrocentos quilômetros de distância entre São José dos Campos, interior de São Paulo, e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) era o que separava Paola Ferreira Rosa, 23, do sonho de ser jornalista. Criada pela mãe em uma família multirracial, ela chegou a ter dúvidas se poderia um dia trabalhar em telejornais, já que ouvia de pessoas próximas que não tinha o perfil dos jornalistas de televisão, na sua interpretação, por ser negra. Recém-formada, Paola entende que o jornalismo a deixou mais próxima da compreensão de sua negritude, o que tem feito encará-la como uma das coisas mais definidoras de sua vida.

 

Paulo Eduardo Dias

Paulo Eduardo Dias, 35, estudava jornalismo quando decidiu pegar um bloquinho, caneta e a “cara de pau”, característica da profissão, para cobrir os atos de 2013 do MBL, em São Paulo. “Fui conhecendo pessoas e acabei sendo convidado para escrever na Ponte Jornalismo.” Seu currículo inclui passagens pelo UOL e pelo Destak. Todas as experiências têm algo em comum: o jornalismo social, interesse maior de Paulo.

 

Paulo Ricardo Martins

Nascido e criado em Duque de Caxias, Paulo Ricardo Martins, 20, sabe, desde muito cedo, o peso de sua cor. Aos 9 anos, ouviu da professora: “Olha esse nariz grande, esse cabelo de crioulo”. Filho de pai negro e mãe branca, enfrentou episódios de racismo ao longo de toda a vida. Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), trabalha como estagiário na Folha, enquanto frequenta o treinamento. “Foi um processo para eu me aceitar como sou.”

 

Pedro Lovisi

No Savassi, bairro de classe média de Belo Horizonte, o jornalista Pedro Lovisi, 20, vive sem grandes problemas urbanos. Há 11 meses, porém, o bairro periférico Ribeiro de Abreu faz parte de sua rotina de trabalho na rádio Itatiaia. Lá, a linguagem é simples, direta e os jornalistas se desprendem do que Pedro chama de “rebuscamento”. Quando se formar em jornalismo na PUC-MG, ele quer falar de temas cascudos como política.

 

Samuel Fernandes

Samuel Fernandes, 23, sempre gostou de ciências sociais, pensou em estudar filosofia e cinema.  Tantos interesses o fizeram trocar o litoral de São Luís, no Maranhão, pelo planalto central, em um primeiro momento para estudar relações internacionais, mas depois antropologia, curso no qual se formou na Universidade de Brasília (UnB).  Samuel trabalha como designer de experiência do usuário, graças à sua formação técnica no ensino médio. Seu principal trabalho é entender como as pessoas usam aplicativos ou programas digitais para facilitar o uso dessas ferramentas pelo seu público-alvo.

 

Thaís Augusto

Nascida em São Paulo e criada em São Bernardo do Campo, na região metropolitana, Thaís Augusto, 23, se formou em jornalismo em 2018 na Universidade Metodista, uma das mais tradicionais do ABC. “Sempre tive facilidade em escrever e não queria uma profissão que fosse repetitiva, que me obrigasse a fazer todos os dias a mesma coisa.” Atualmente, Thaís trabalha no UOL.

 

Vitor Soares

Natural de Santo André (Grande SP), Vitor Soares, 23, recém-formado em jornalismo na Unesp, campus de Bauru, está com dificuldade em conseguir seu primeiro emprego na área. Enquanto isso, trabalha em uma agência de marketing e faz o treinamento da Folha, que considera como um ultimato à carreira escolhida. “É a minha última chance para o jornalismo; se não der certo, largarei a profissão.”

 

Vitória Macedo

Vitória Macedo, 20, estudante de jornalismo da PUC-SP e estagiária na revista Capricho, define-se como uma pessoa que tem vontade de abraçar o mundo. Durante o ensino médio, Vitória reconheceu-se enquanto mulher negra, o que abriu espaço para uma série de percepções: “Não sou morena, não sou cor de jambo. Eu sou negra. Mulher negra de pele clara”. Hoje, Vitória divide o interesse por assuntos sociais com uma veia artística, que traduz em desenhos e colagens.

 

William Barros

Quando criança, William Barros, 21, dispensava o recreio para conversar com a professora. Brincando, o menino de Aquiraz, no Ceará, fazia entrevistas e desenhava jornais. Hoje, concilia a graduação na Universidade Federal do Ceará, o trabalho na TV Jangadeiro e o trainee na Folha. Encontra tempo ainda para produções próprias. A mais recente é o documentário “Ocupa Marighella”, que retrata a luta por moradia em Fortaleza, onde vive atualmente.​