Revista Marie Claire destaca trabalho de mulheres jornalistas à frente da cobertura sobre Covid-19
A revista Marie Claire, publicação voltada para as mulheres há 29 anos no Brasil, dedicou a edição de julho/agosto para uma homenagem às jornalistas. Na versão impressa, no site e nas redes sociais, 26 profissionais são entrevistadas sobre os desafios cotidianos e êxitos do ofício.
Com a hashtag “#NoFrontDaNotícia”, a edição destaca o protagonismo feminino na imprensa à frente da cobertura da crise política nacional e da pandemia. As jornalistas comentam os caminhos que as levaram a escolher a profissão, os episódios mais marcantes de suas carreiras e os aprendizados na cobertura da Covid-19. A revista chega às bancas em 17 de julho.
Entre as entrevistadas, estão Flavia Lima, ombudsman da Folha; Claudia Colucci, repórter especial da Folha; Maju Coutinho, da TV Globo; Gabriela Biló, fotojornalista no Estado de S. Paulo; Andréia Sadi, repórter de política da GloboNews, do G1 e da CBN; e Clarissa Oliveira, repórter na TV Band, Bandnews e Rádio Bandeirantes.
Em nota no site, a publicação destaca que a homenagem se dá em um contexto de ataques contra as profissionais. “São difamações proferidas por autoridades, entre elas o presidente Jair Bolsonaro, perseguições virtuais e até agressões físicas nas ruas”, diz um trecho.
Recentes monitoramentos confirmam a preocupação. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), por exemplo, mapeou 28 ataques contra mulheres jornalistas no primeiro semestre de 2020. A lista reúne agressões verbais e físicas, discursos estigmatizantes e intimidações no ambiente virtual.
No total, 168 ataques contra profissionais da imprensa e meios de comunicação foram monitorados no período. O número ilustra o cenário, mas a associação reconhece que inúmeros relatos de jornalistas que não denunciam as agressões por medo ou coação engrossariam a lista.
O protagonismo feminino na imprensa e a intensificação dos ataques contra as profissionais têm sido reconhecidos também por organismos internacionais. Em 2020, o informe anual enviado pela Relatora Especial das Nações Unidas sobre a Violência Contra Mulher, Dubravka Simonovic, para o Conselho de Direitos Humanos da ONU tem como pauta principal a erradicação da violência contra as jornalistas.