Em webinário, jornalistas e pesquisadores debatem a conduta profissional frente ao coronavírus​

Em meio à pandemia do coronavírus, o grande desafio para jornalistas é encontrar a melhor forma para realizar a cobertura com rigor profissional e compromisso ético.

“Essa justa medida está na precisão dos dados e na escolha sensível da palavra, da imagem e do som com que estamos narrando esse acontecimento gigantesco”, afirma Mariluce Moura, coordenadora do Ciência na Rua, projeto que busca tornar temas de ciência e tecnologia mais acessíveis para o público jovem.

A jornalista participou do webinário “Jornalismo e Covid-19”, de apoio à cobertura da pandemia, promovido pela Agência Bori e o Instituto Serrapilheira nesta terça-feira (31).

Estiveram presentes o jornalista especialista em dados Marcelo Soares, o jornalista Herton Escobar, o pesquisador Stevens Rehen, do Instituto D’Or, e as coordenadoras da Agência Bori, Ana Paula Morales e Sabine Righetti. Durante a transmissão, os profissionais citaram algumas dicas e ferramentas para auxiliar jornalistas.

1. Não peque pela pressa de dar um furo, seja responsável e apure.

Para Herton Escobar, após tantas tentativas de desacreditar a imprensa e a ciência, o momento é crucial para resgatar a confiança do público. Por isso, a atenção e a checagem precisam ser redobradas. “Estamos lidando com uma situação tão grande e com impactos tão profundos, que a gente precisa ser muito cuidadoso com qualquer coisa que publicamos”. Para ele, o esforço dos jornalistas agora deve ser direcionado para combater a desinformação e não para competir com outros veículos.

“Se tem uma notícia boa nisso tudo, é a retomada do protagonismo do jornalista e do cientista, mas acaba sendo um desafio ainda maior por conta da velocidade da pandemia e da necessidade do combate mais ativo às fake news”, disse Stevens Rehen.

2. Relatos e personagens podem ser mais impactantes que números.

Encontrar os dados necessários nem sempre é fácil. Segundo Marcelo Soares, existem, por exemplo, poucas pesquisas que estimam dados per capita em favelas, justamente pela alta densidade das comunidades. Para Herton Escobar, é preciso saber diversificar o assunto, trazendo outras abordagens que não sejam apenas o número de vítimas. Mariluce Moura sugere procurar o trabalho feito pelas próprias comunidades, como as notícias divulgadas pela Central Única das Favelas e a cobertura da Agência Mural, que recolhe relatos da periferia.

3. Procure por produções jornalísticas confiáveis.

Soares montou gráficos interativos que são atualizados diariamente a partir do monitoramento de informações divulgadas pelas secretarias de Saúde. Nos gráficos, ele traz os números confirmados por dia e região, por município, capitais e os casos por milhões. Além disso, divulga trabalhos sobre o assunto em escala mundial.

A Agência Bori também montou um material de apoio à cobertura do coronavírus, com artigos científicos, pesquisas e contatos de pesquisadores. Para acessar, é preciso se cadastrar gratuitamente na plataforma.

4. Às vezes, menos é mais. E o menos e melhor é muito mais.

Para Marcelo Soares, em tempos de crise, a tendência das Redações é produzir o máximo de conteúdo a respeito do assunto, mas isso nem sempre funciona, em termo de dados e audiência. “O risco de produzir mais com uma equipe menor é faltar com a qualidade e, em uma crise deste tamanho, é um risco muito grande.” ​

O webinário completo pode ser conferido aqui.