Repórter dá dicas de como evitar a disseminação de informações falsas sobre o coronavírus

Assim como o coronavírus se espalhou ao redor do mundo, os rumores se dispersaram pelas redes sociais. Diversas listas com dicas de prevenção falsas como “beber água morna é uma maneira eficaz de lavar o vírus para dentro do estômago, onde será morto” circularam pelos feeds das pessoas.

Para quem não é cientista, pode ser difícil distinguir fatos de rumores. Diante disso, Rebecca Leber, repórter de política, entrou em contato com especialistas em ética do jornalismo científico sobre a melhor forma de usar a mídia social na era do coronavírus.

Em matéria para o site Mother Jones, focado em jornalismo investigativo, ela elencou algumas dicas:

Não há problema em admitir o que você não sabe.

“O primeiro passo é reconhecer que existe incerteza e conseguir nomear o que não sabemos”, disse Siri Carpenter, editora-chefe do Open Notebook, um recurso para jornalistas científicos, e presidente da Associação Nacional de Escritores Científicos.

Como o vírus é novo, os estudos são poucos e ainda há muita coisa que não entendemos completamente. Portanto, em vez de retuitar um estudo incerto sobre como a maioria dos vírus desaparece na primavera, tente algo como: “Os cientistas ainda não entendem completamente como esse vírus se comportará quando o tempo mudar”.

A ciência é uma bagunça.

“Qualquer um que segue a ciência normalmente sabe que é uma iniciativa humana e que há erros”, diz Deborah Blum, diretora do programa de jornalismo científico do MIT.

Isso explica por que alguns estudos são confusos e até contraditórios, como esses que indicam o alcance do vírus pelo ar e quanto tempo ele permanece vivo em superfícies.

Saiba em quem confiar e onde conseguir suas informações.

Se você está encontrando dicas que não viu em nenhum outro lugar, elas provavelmente são boas demais para ser verdade. Em vez de confiar em dicas suspeitas, siga o conselho que está sendo repetido em todos os lugares: evite contato próximo e aprenda como lavar suas mãos da maneira correta.

Como a divulgação de conselhos e notícias nas redes sociais é gigante, é recomendável limitar os locais de obtenção de informação a uma lista de meios de comunicação confiáveis, especialistas e sites do governo.

Só porque alguém diz que é um especialista não significa que ele realmente tenha experiência com doenças infecciosas.

Um passo simples a ser seguido para averiguar a formação de alguém é buscar seu nome no Google Acadêmico para conferir se ele já publicou algo sobre o assunto.

“Muitos jornalistas convivem com a comunidade científica, mas isso não os torna cientistas. Da mesma forma que um cientista confessa quando algum assunto não é da sua área de especialização, jornalistas científicos não são virologistas”, diz Blum.

Seja um bom ser humano.

Encontre formas de ajudar as pessoas mais vulneráveis em sua comunidade. Traga à tona declarações racistas ou ignorantes, como quando alguém chama o coronavírus de um “vírus chinês”.