Centro de pesquisas publica coletânea gratuita de artigos produzidos em parceria com a Folha

O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) publicou o livro “Ilustríssima Física”, que reúne 11 artigos escritos por pesquisadores do centro e publicados desde 2017 na Ilustríssima, caderno dominical de cultura da Folha.

Os artigos são escritos em linguagem didática e acessível para o grande público. “É uma forma de prestar contas à sociedade, que, em grande parte, subsidia a pesquisa científica no Brasil”, diz o diretor do CBPF, Ronald Cintra Shellard, na apresentação do livro.

Publicado em 1º de janeiro de 2017, o primeiro artigo da parceria com a Folha tratava dos 100 anos do trabalho de Albert Einstein (1879-1955) que deu origem à cosmologia moderna, área que estuda a estrutura e a evolução do universo. O texto, na verdade, mostra como, após um século de estudo, ainda não se sabe do que é feito o universo.

A cosmologia também foi tema do artigo de Felipe Tovar Falciano, pesquisador do CBPF que colaborou com a Ilustríssima. No texto, Falciano explica que toda a matéria conhecida, os elementos que formam os seres vivos e não vivos nesse e em outros planetas, corresponde a apenas 5% da composição do universo.

“Cerca de 95% do cosmo é formado por algo cuja natureza desconhecemos: matéria escura e energia escura. Essa aparente ignorância, contudo, resulta de um feito notável da ciência e, para alguns, indica uma nova e profunda revolução em nossa visão do mundo”, escreve Falciano.

Para o organizador da coletânea, Cássio Leite Vieira, do Núcleo de Comunicação Social do CBPF, a parceria com a Folha representa uma estratégia para impedir o que ele chama de “volta do obscurantismo”, em referência ao processo de descredibilização da ciência expresso nos movimentos terraplanistas e antivacina, entre outros.

“A melhor maneira de combater o obscurantismo é fazer com que o conhecimento sobre ciência chegue ao grande público”, afirma Vieira, que é jornalista.

Para ele, pessoas que não estão familiarizadas com os método científico encontram dificuldades em diferenciar ciência básica, sem compromisso com aplicações práticas, de ciência aplicada. No CBPF, Vieira enxerga uma tendência de que as pesquisas sejam cada vez mais voltadas para a física aplicada.

Exemplo dessa tendência é o artigo publicado na Folha e presente em “Ilustríssima Física” do pesquisador Flávio Garcia. O texto explica os princípios da física envolvidos na hipertermia magnética, tratamento contra o câncer que usa nanopartículas para matar células cancerosas por meio de calor controlado, reduzindo ao máximo efeitos colaterais para o paciente.

“Se há meio século alguém dissesse que uma nanopartícula magnética poderia fazer um tumor ‘morrer pela boca’, certamente soaria como ficção científica. Hoje, porém, isso é realidade, o que mostra o quão importante é fazer pesquisa básica”, escreve Garcia.

“Ilustríssima Física” está disponível para download gratuito no site do CBPF.