Em livro, jornalista conta sobre sua experiência como correspondente internacional

O jornalista Moisés Rabinovici selecionou experiências da época em que foi correspondente internacional e as reuniu em seu novo livro “Escritos com a pele” (11 Editora, R$ 60, 312 págs).

A partir de coberturas jornalísticas em diversos países, entre eles Israel, Estados Unidos, Ruanda e Líbano, Rabinovici relata como o exercício do cargo de correspondente internacional foi desafiador, principalmente quando se tratavam de zonas de conflito.

O autor diz que a cobertura da guerra no Líbano exigiu que ele trabalhasse com o telex diariamente, o que o fez abrir mão do extremo zelo com as palavras. “Formar-se na ‘escola de Beirute’ foi como abortar meu ego. Ainda estava apegado à ideia, falsa, de que ‘jornalismo literário’ era esforço, inspiração, perfeccionismo e sofrimento. Tive que me desconstruir. Jogar fora tabus e vaidade.”

Ele também relembra o tempo em que trabalhou no Jornal da Tarde. “Murilo Felisberto e Mino Carta deram uma lição única ao jornalismo brasileiro com o JT. Na maioria dos jornais, até hoje, repórter e redator preenchem módulos pré-moldados pela diagramação. A realidade que se adapte aos formatos ou se limite aos tamanhos disponíveis. No JT, não: cada página era uma. O editor a desenhava depois de ler o texto e ver as fotos, muitas vezes já tendo um título pronto. Eu aprendi a desenhar páginas como se escrevesse um texto. Mas dei muitas ‘rabinadas’, como eram chamados os meus erros.”

Além do JT, Rabinovici trabalhou para outros veículos do Grupo Estado, para a revista Época, Diário do Comércio e atualmente está na EBC.

O livro conta com prefácio do jornalista da Folha Clóvis Rossi, morto em junho.