Editor do New York Times é rebaixado após fazer comentários racistas em redes sociais

Jonathan Weisman, um editor do New York Times em Washington que está no jornal desde 2012, foi impedido de supervisionar os correspondentes do Congresso após fazer comentários considerados como racistas nas redes sociais.

A matéria feita pelo jornalista Marc Tracy explica que Weisman foi fortemente criticado e estava sendo observado pela Redação após publicações em 31 de julho e 7 de agosto, no Twitter.

Em post de 31 de julho, o editor sugeriu que era impreciso descrever certos políticos como representantes das regiões e estados designados. Ele estava se referindo especificamente a quatro democratas, sendo três deles minorias: Rashida Tlaib, de Michigan, Ilhan Omar, de Minnesota, Lloyd Doggett, do Texas e John Lewis, da Geórgia.

Weisman chegou a ser aconselhado pelo editor de qualidade do Times para tomar cuidado nas suas manifestações online. Em 7 de agosto, ele foi novamente criticado após questionar, de forma equivocada, a candidatura de Morgan Harper em post da organização política progressista Justice Democrats.

O jornalista debateu a posição de Morgan Harper contra Joyce Beatty enfatizando que ela estaria desafiando uma candidata negra. O equívoco vem pelo fato de Weisman não perceber que Harper também é negra.

Dentre as críticas recebidas por Weisman após equívoco, destacou-se a de Roxane Gay, que é colunista do Times desde 2015. “Toda vez que você achar que não está qualificado para um emprego, lembre-se que esse cara, dizendo a uma mulher negra que ela não é negra porque ele olhou para uma foto e não pode ver, tem um dos trabalhos mais prestigiados da América.”

Segundo nota divulgada pelo jornal, os pronunciamentos de Weisman representavam “sérios lapsos de julgamento”.

Recentemente, o editor-executivo do Times, Dean Baquet, fez uma reunião com os funcionários do jornal para abordar erros e discutir melhorias, comparando, inclusive, o contexto político atual com a turbulência dos anos 60. Dentre os tópicos abordados, comentou a importância de se prestar atenção redobrada na cobertura e produção de reportagens dentro da atual conjuntura política.

Como primeiro editor-executivo negro do jornal, Dean Baquet se pronunciou sobre a relutância do jornal em descrever certas ações e comentários do presidente e seus apoiadores como racistas. “Na minha opinião, a melhor forma de captar os tipos de observações que o presidente faz é apresentá-las em perspectiva. Isso é muito mais poderoso do que o uso de uma palavra.”

Baquet explicou que uma das razões que motivou o encontro foi o comportamento online de Weisman. “Vamos respirar fundo antes de tuitar coisas estúpidas ou que comprometam o jornal”, aconselhou.