65% dos estagiários de jornais nos EUA foram selecionados a partir do prestígio da universidade
Nos EUA, 65% dos estagiários de grandes veículos de notícias foram selecionados a partir do renome da universidade em que se graduaram, aponta reportagem publicada na plataforma Voices.
Theodore Kim, diretor de bolsas para jornalistas e estágios do New York Times, publicou um tuíte no qual elencava 26 universidades que reuniam os “candidatos mais produtivos”. A publicação teve repercussão negativa com questionamentos de outros jornalistas em relação à desmoralização de diversos profissionais e estudantes pelo fato de sua formação não estar citada na lista.
A partir da discussão levantada pelo tuíte, a reportagem apurou se de fato a seleção de estagiários é feita a partir de um grupo seleto de universidades. Para isso, foram coletados dados de 150 estagiários de verão de 2018, que trabalharam em veículos de grande circulação e com programas de estágio semelhantes. São eles: Wall Street Journal, New York Times, Washington Post, Los Angeles Times, NPR, Politico e Chicago Tribune.
Os dados apontam que 65% dos estagiários dessas sete organizações fazem parte de um círculo de universidades que correspondem a 13% do total de instituições de ensino superior nos EUA. O texto divide as universidades em três categorias: as “Ivy Plus”, escolas da Ivy League que correspondem a 1%; as “de elite”, que representam 5%, e as “ultra seletivas”, que compõem 7% do total.
Segundo Gustavo Arellano, colaborador do Los Angeles Times, a ideia de entrar no jornalismo através de uma escola de alto nível reflete na criação de um sistema de castas para jovens repórteres. “Muitas vezes jornalistas são recrutados nas mesmas escolas e meios sociais, tornando os lugares uma bolha.”