The New York Times é criticado por publicação de charge antissemita e pede desculpas

A edição internacional do jornal The New York Times publicada na quinta-feira (25) recebeu críticas por trazer uma charge de teor antissemita.

Colocada acima de um artigo não relacionado do colunista Tom Friedman, a peça retrata um Donald Trump cego usando um quipá e sendo guiado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, representado na forma de cão com uma coleira com uma estrela de Davi.

O desenho foi feito pelo português António Moreira Antunes e publicado originalmente pelo Expresso, um jornal de Lisboa. Colocado à disposição do CartoonArts International, uma espécie de sindicato de desenhos animados, foi selecionado por um “editor de nível médio” antes de o jornal ser impresso.

No domingo (28), o New York Times publicou em sua conta no Twitter uma nota de retratação, afirmando que “lamentava profundamente” o ocorrido e que mudanças ”seriam feitas em termos de processos internos e treinamento”. Artigos sobre a charge foram publicados por veículos como Jerusalem Post, CNN e Fox News.

Bret Stephens, colunista de opinião do Times, afirma que a imagem, em outra época, poderia ter sido publicada nas páginas do Der Stürmer, jornal antijudaico que marcou o regime nazista.

“O judeu na forma de um cachorro. O odiado Trump sendo judaizado com um quipá. O servo nominal agindo como o verdadeiro mestre. O desenho animado preencheu tantos critérios antissemitas que a única coisa que faltava era um cifrão”, diz Stephens em sua última coluna.

A crítica a Israel e ao sionismo tornou-se tão comum, sugere Stephens, que pessoas foram dessensibilizadas a ponto de não perceberem expressões antissemitas, ainda que evidentes, como ocorreu neste caso.

“Há maneiras legítimas de criticar a abordagem de Trump a Israel, tanto em imagens quanto em palavras. Mas não havia nada de legítimo nessa caricatura”, afirma.