Uma matéria de 27 de agosto de 1911 publicada no New York Times trazia título curioso: “Marcianos constroem dois imensos canais em dois anos”. O subtítulo acrescentava: “Vastas obras de engenharia realizadas em tempo incrivelmente curto pelos nossos vizinhos planetários”.

A notícia foi escrita por Mary Proctor e atribui a descoberta ao professor Percival Lowell. Segundo o texto, os canais teriam sido vistos pela primeira vez no ano de 1909 no observatório Flagstaff, localizado no Arizona (EUA).

O cientista chegou à conclusão anunciada no jornal ao observar a existência de dois abismos na superfície marciana. Segundo seu raciocínio, os fossos não estavam presentes em observações anteriores, e, portanto, foram criados por seres que vivem em Marte.

A informação, publicada com destaque em um jornal reconhecido internacionalmente por sua credibilidade, coloca a discussão sobre fake news em perspectiva histórica. A única fonte da reportagem era o cientista Lowell, que depois deu nome ao observatório.

Um artigo de 2017, do site FiveThirtyEight, atribui o erro do cientista a um problema de tradução de um trabalho de um astrônomo italiano.

Segundo a Nasa, os canais vistos por Lowell são formações geográficas naturais do planeta, não estruturas construídas por marcianos.