Escritor norte americano Paul Auster dá orientações para uma boa escrita
Em entrevista ao jornal El Español, o escritor americano Paul Auster, 71, deu conselhos sobre como escrever bem.
Em primeiro lugar, o escritor defende que “cada livro tem uma música própria, distinta das demais”. Não há, portanto, um estilo único. Deve-se ter a preocupação de encontrar o melhor formato para cada história. “É a história que definirá o estilo a se adotar”, completa Auster.
Perguntado sobre os estudos que fez na Universidade de Columbia, o autor lamentou: “foi mais um fardo do que uma ajuda”. “Eu tinha chegado a tal nível de exigência que, de certa forma, eu acreditava que todo romance tinha que ser completamente resolvido de antemão, e que até a última sílaba tinha de produzir uma espécie de eco filosófico ou literário.” Auster conta que não havia compreendido o papel fundamental que o inconsciente desempenha na construção de histórias. “Eu ainda não havia percebido a importância da espontaneidade e da inspiração súbita”.
O americano também acredita que, para um bom desenvolvimento dos personagens, o escritor não pode ficar obcecado com a ideia de identidade. Para Auster, cada ser humano é um espectro. “Uma boa parte da nossa vida vivemos no centro, mas há momentos em que flutuamos aos extremos e atravessamos todo esse espaço dependendo do estado de espírito, idade e circunstâncias. O mesmo deve acontecer com os personagens.”
Para o autor de “Sunset Park”, o confinamento na hora da escrita é muito importante. “Você começa a pensar no ambiente e no mecanismo que usa para explorar o mundo interno e externo. É assim que a imaginação pode florescer, especialmente sob aquelas condições rígidas da escrita: mesa, poltrona, página, caneta e uma pessoa sentada à mesa.”
Por último, Auster revela sua máxima: “Tudo vem de dentro e sai. Nunca o contrário. A forma não precede o conteúdo. O material em si encontrará sua própria forma conforme você trabalha”.