Reportagens sobre saúde infantil na Venezuela e cirurgias estéticas clandestinas na Colômbia vencem Prêmio Roche 2018

Leonardo Neiva

CALI (COLÔMBIA) Reportagens sobre as condições precárias de saúde das crianças na Venezuela e os riscos das cirurgias estéticas ilegais na Colômbia ganharam as duas principais categorias do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde, entregue na quinta-feira (5), em Cali, na Colômbia.

O prêmio, que está em sua sexta edição, é uma iniciativa da Roche América Latina e da secretaria técnica da Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-Americano (FNPI).

Na categoria internet, o primeiro lugar ficou com “Órfãos da saúde”, série multimídia venezuelana elaborada por uma equipe de 40 colaboradores, em uma parceria do Instituto Prensa y Sociedad Venezuela (Ipys) com o site de notícias El Pitazo.

A reportagem avaliou o desempenho dos serviços médicos estatais que deveriam garantir o direito à saúde para as crianças do país.

Em seu discurso de agradecimento, Marianela Balbi, diretora-executiva do Ipys, afirmou que o prêmio é um reconhecimento ao um ano e meio de esforços da equipe de repórteres na produção e edição do material.

“Elementos indispensáveis em qualquer sistema de saúde são os que estão mais vulneráveis na Venezuela. Entre eles a atenção na gravidez, a vacinação, a medicina básica e o atendimento de emergência”, disse.

Em rádio, o trabalho “Doutor: Isto é normal?” faturou o prêmio principal. A reportagem relata as consequências devastadoras sofridas por pessoas que se submeteram a cirurgias estéticas ilegais em clínicas clandestinas na Colômbia. Os autores são os jornalistas Charlotte de Beauvoir e Juan Camilo Chaves, em uma coprodução do site Cerosetenta com a rádio Ambulante.

Também havia presença brasileira entre os concorrentes. O trabalho multimídia “Vivendo a morte”, da repórter Joana Suárez, do jornal mineiro O Tempo, foi finalista na categoria internet.

A jornalista acompanhou as últimas 30 semanas de uma mulher com câncer terminal e os cuidados paliativos que ajudaram a prolongar sua vida para além das previsões médicas.

Fechando os indicados na categoria, estava ainda o trabalho do jornalista colombiano Hugo Mario Cárdenas López para o El País, em que narrou a história de jovens usados para contrabandear combustível na fronteira da Colômbia com a Venezuela e os muitos problemas de saúde causados a eles por essa atividade.

Em rádio, os outros concorrentes eram o programa “Depressão, precisamos falar sobre ela”, dos mexicanos Lucano Romero Cárcamo e Ana Cecilia Rangel, para a XHFJ Radio Teziutlán, e a reportagem “Katana não quer parir: uma análise jornalística da baixa fecundidade em Cuba”, feita pelas jornalistas Gretta Espinosa Clemente e Laura Brunet para a Emisora Provincial Radio Ciudad del Mar.

As duas menções honrosas da noite ficaram nas mãos de brasileiros.

A jornalista Mariana Alvim, da BBC Brasil, foi premiada pela reportagem online “Luta pela vida, reforço da desigualdade ou gasto desenfreado? A difícil equação da judicialização de saúde”, que explora os custos econômicos e sociais da judicialização da saúde no Brasil.

Os repórteres Hebert Araújo, Jonathan Dias e Joana Rosa receberam o reconhecimento pelo programa “Dar à luz a dor”, feito para a Rádio CBN de João Pessoa (PA), em que são apontados casos de mulheres que passaram por situações dolorosas, humilhantes e traumáticas dentro de maternidades brasileiras.

Nesta edição do prêmio, foram inscritos 435 trabalhos, todos de países da América Latina. Os vencedores recebem bolsas para um workshop da FNPI ou podem optar por participar do Festival Gabriel García Márquez de Jornalismo, na cidade de Medellín, Colômbia, que este ano acontece entre os dias 3 e 5 de outubro.