Jornalistas precisam explicar melhor seu trabalho para o público, sugere pesquisa

(Reprodução)
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Embora os jornalistas e seu público tenham expectativas semelhantes quanto ao conteúdo produzido pela mídia norte-americana, um fator que tem contribuído para a crescente desconfiança dos consumidores de notícias nos Estados Unidos é a falha na comunicação entre os dois grupos. Muitas pessoas não entendem como o jornalismo funciona, ao passo que, em grande parte das vezes, os repórteres não explicam direito como fazem o seu trabalho.

Essa é uma das conclusões de uma pesquisa realizada pelo Media Insight Project, uma parceria do American Press Institute e do Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research, divulgada em junho.

Entre maio e abril deste ano, o grupo consultou 1.127 jornalistas e 2.019 cidadãos americanos com questionários espelhados, que buscavam descobrir o que cada grupo entende e pensa sobre o comportamento do outro.

O estudo mostrou uma insatisfação do público com o tipo de conteúdo que ele recebe da imprensa. 42% dos entrevistados julga que as notícias carecem de contextualização e se aproximam muito de opiniões e comentários, enquanto 63% gostariam de consumir um jornalismo baseado mais em fatos verificados e análises.

Dois terços dos jornalistas também concorda que esse é o tipo de conteúdo mais esperado por seus espectadores e leitores.

Alguns conceitos básicos do jornalismo, contudo, ainda não estão claros para fatia considerável dos norte-americanos. Metade dos entrevistados não sabe dizer o que significa “op-ed”, termo em inglês para artigo de opinião, enquanto 42% não entendem como funciona uma fonte anônima e 27% não sabem a diferença entre uma notícia e um editorial.

Ao mesmo tempo, os jornalistas entrevistados mostraram ter consciência dessa falta de instrução, chegando até a superestimar a quantidade de pessoas que não entende esses conceitos.

De acordo com os resultados, o público e os jornalistas também concordam que a solução para esse problema depende de uma maior transparência por parte dos profissionais. Entre as outras saídas apontadas pelo estudo, estão o fim do uso de jargões jornalísticos e a maior participação das pessoas no processo de produção de notícias.

Para os cidadãos consultados, os jornalistas precisam ser mais transparentes tanto em relação às fontes que usam (68%), quanto ao processo de reportagem (48%) e às políticas das organizações de notícias para as quais trabalham (44%).

Parcelas semelhantes de jornalistas -66%, 42% e 48%, respectivamente– concordaram que essas são práticas importantes para conquistar a confiança de seu leitorado.

Os resultados do estudo podem ser consultados na íntegra neste link.