Redações investem na criação de cargos interdisciplinares inéditos
Por conta do investimento das empresas de mídia nas plataformas digitais, criam-se nas Redações, cada vez mais, cargos cujas funções se baseiam em conectar diferentes departamentos e especialidades, trazendo novos formatos de pensamento para as organizações.
Diante dessa tendência, cargos tradicionais com funções claras e bem definidas tendem a deixar de ser regra na indústria, como escreveu Federica Cherubini, chefe de divulgação de informações no grupo Condé Nast International, em artigo publicado no site do Nieman Lab, da Universidade de Harvard.
A transformação digital demandou novas formas de atuação dentro das Redações. Agora, jornalistas interativos trazem habilidades de desenvolvimento e design para as narrativas e editores de mídias sociais, às vezes chamados de editores de engajamento, trazem a audiência para dentro da produção das notícias, ao mesmo tempo que analistas e especialistas em dados deixaram de atuar somente no departamento de marketing para trabalhar junto aos repórteres, no cargo de editores de crescimento.
Além deles, administradores de produtos passaram a ter envolvimento em projetos editoriais, diminuindo a distância entre as profissões de jornalista e de engenheiro.
Esses cargos, caracterizados por suas interdisciplinaridades, desafiam barreiras ao misturar áreas do jornalismo, da engenharia e da administração para propor colaborações inovadoras. Não à toa, o desafio do design de produtos agora é tema discutido em congressos de jornalismo, enquanto a administração de produtos é ensinada em treinamentos propostos por universidades de comunicação.

Em toda a indústria jornalística, a tendência é comprovada pela criação progressiva de cargos inéditos, com as mais diversas funções. Em agosto, o “Washington Post” anunciou que contrataria três tipos de administradores para a Redação: um editor de operações, um editor de produtos e um editor de projetos. Segundo o jornal, essas pessoas trabalharão em uma parceria entre a Redação e a equipe de engenharia.
O “Financial Times”, em estratégia similar, anunciou que o ex-editor de projetos especiais Robin Kwong passaria a ocupar a posição de chefe de entrega digital, trazendo a administração de projetos e o design thinking para a produção editorial, ao mesmo tempo em que expande as barreiras do storytelling digital.
De acordo com o artigo, diante das novidades, a questão a ser discutida hoje é como esses cargos podem continuar a evoluir.
Muitas dessas posições de difícil categorização são criadas pelos próprios jornalistas que as ocupam, sendo fruto do conjunto único de técnicas e habilidades que possuem. Por isso, dificilmente uma será igual à outra.
As Redações, segundo Cherubini, precisam se perguntar o que acontecerá quando esses profissionais forem embora. O questionamento é, para ela, crucial para descobrir como preservar as posições independentemente dos ocupantes e assim garantir a curva de crescimento dos cargos que impulsionam a transformação digital na imprensa.