Colunista conta como o ‘Financial Times’ usa eventos para impulsionar a circulação
Em um só dia, o jornal britânico “Financial Times” chega a promover três eventos em três países diferentes. Na próxima quinta-feira (14), por exemplo, ao mesmo tempo que um fórum de gerenciamento de riscos deve ocorrer em Nova York, um briefing de liderança organizado em parceria com o HSBC será realizado em Hong Kong e o segundo dia de um encontro sobre o futuro dos bancos acontecerá na Costa do Marfim.
No total, o calendário anual do FT Live, a divisão de conferências do jornal, chega a contar com mais de 200 eventos em 44 países. São tantos que até o chefe da divisão, James Gunnel, admite que é hora de apostar em modelos diferentes: “A estratégia deverá ser a de promover menos eventos, mas que sejam maiores e melhores”, disse à coluna de Ian Burrell no site The Drum.
O FT Weekend Festival, que aconteceu neste mês em Londres, é um exemplo do que Gunnel disse. Com oito palcos, o encontro contou com atividades culturais e debates, misturando degustação de vinhos com discussões sobre o Brexit. Entre os participantes, estavam jornalistas do “FT”, que contaram sobre suas experiências e processos de escrita.

Criado há três anos, FT Live teve um crescimento de 10% durante o ano de 2016, ganho expressivo em um mercado cuja competição é crescente.
A realização de conferências ajuda a vender assinaturas. Embora possa parecer que os participantes já sejam engajados com o jornal, 45% dos inscritos no FT Weekend Festival sequer tinham uma assinatura. Além disso, diferentes pacotes de assinaturas são oferecidos para os patrocinadores das conferências, uma vez que assinaturas corporativas compõem mais da metade do total de 870 mil.
Apesar de apostarem em encontros direcionados ao público, a maior parte dos lucros do FT Live vem de conferências e seminários mais segmentados e focados na comunidade empresarial, como destaca Gunnell. “Quando conseguimos atingir os pontos que movem as indústrias, conseguimos trazer as pessoas certas para participar”, completa. Trazendo não apenas jornalistas da casa, mas experts do mercado, esses debates parecem ser eles mesmos um dos pontos que hoje movem o modelo de negócios do jornal.