Após 14 anos, ‘New York Times’ elimina posto de ombudsman

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O “New York Times” decidiu eliminar o cargo de ombudsman do jornal, que vinha sendo ocupado pela jornalista Elizabeth Spayd desde 2016. Um dos motivos para a iniciativa, segundo a publicação, é a crescente participação de usuários de redes sociais na crítica e na descoberta de erros em reportagens.

Elizabeth Spayd, última ombudsman do “New York Times” (Foto: Divulgação)

“A responsabilidade do ombudsman —servir como representante dos leitores— ultrapassou a Redação”, afirmou o editor do “Times”, Arthur Sulzberger Jr., em comunicado à Redação.

Isso porque leitores e seguidores em redes sociais hoje “servem coletivamente como cães de guarda ”, afirma Sulzberger. Grande parte das colunas de Spayd se baseava em reclamações do público.

Com a mudança, o jornal deverá introduzir novas iniciativas voltadas para a inclusão dos leitores, como a criação de um centro para responder a perguntas, dicas, reclamações e demonstrações de preocupação do público, seja por e-mail, mídias sociais ou pelo site do “Times”.

A publicação ainda deverá abrir caixas de comentários em todos os seus artigos e reportagens —atualmente, apenas 10% deles contam com espaço para leitores.

A notícia gerou críticas e questionamentos em mídias sociais. Margaret Sullivan, colunista de mídia do “Washington Post”, que ocupava a vaga anteriormente, publicou um tuíte sobre a importância do cargo: “O que um ombudsman pode quase sempre fazer é colocar pressão e conseguir uma resposta real da direção”.

O “NYT” só criou a posição de ombudsman (“public editor”) em 2003, depois que o repórter Jason Blair publicou uma série de notícias falsas. No Brasil, a Folha é o único jornal de circulação nacional a ter ombudsman.