Pesquisador americano comenta ‘geração perdida’ de jornalistas

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Quando começou a pesquisar o estado de espírito das Redações nos EUA, mais de dez anos atrás, Scott Reinardy não sabia que a indústria começava a passar por um período traumático, que forçaria os jornais a reavaliarem sua missão.

No livro “A geração perdida do jornalismo: a ruína das Redações de jornal americanas”, o pesquisador da Universidade do Kansas explora, em entrevistas e pesquisas com jornalistas, informações sobre satisfação no trabalho. Nesse tempo, ele ouviu histórias de incertezas, ansiedade e esgotamento.

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Pesquisador Scott Reinardy, autor de livro sobre “geração perdida” de jornalistas (Foto: Divulgação)

Em entrevista ao site “Columbia Journalism Review”, Reinardy afirmou que existe uma “depressão organizacional” no jornalismo. “Ao conversar com pessoas que dedicaram 20, 25 ou 30 anos de suas vidas não apenas ao jornalismo, mas a um jornal específico, foi notável ver quão desapontados elas ficaram com o que aconteceu à sua adorada profissão.”

As milhares de demissões e um modelo de negócios ainda indefinido criaram o que o pesquisador define como as três “gerações perdidas” de jornalistas. Uma delas seria formada por aqueles que perderam seu trabalho em meio a cortes. A outra é composta por jornalistas mais velhos, afetados pelas dramáticas mudanças na profissão –exigências de Redações mais enxutas, a adição de novas tecnologias e o uso de redes sociais.

A terceira das gerações é a dos mais jovens, que entram no jornalismo cheio de esperanças e tentam ainda descobrir os caminhos da profissão. “Será que eles estão sendo levados a conseguir mais cliques e não se preocupar com aquela segunda ou terceira entrevista necessária para produzir um conteúdo melhor?”, questiona.

Uma designer de um grande jornal, apaixonada pela profissão, contou ao pesquisador que, apesar de sobreviver a diversos cortes na empresa, passou a sofrer de esgotamento, com doenças e dores de cabeça frequentes. “Não era mais o trabalha que eu amava”.

Reinardy diz que três a cada quatro jornalistas mulheres entrevistadas procuram por outra profissão de longo termo ou pretendem constituir família. “Precisamos de mais diversidade, e honestamente, acho que com Redações menores, você acaba tendo menos”, afirma.