Em artigo no ‘NYT’, escritora denuncia preconceito contra os mais velhos no mercado de trabalho
Em artigo no jornal “New York Times”, a escritora Ashton Applewhite fala sobre o preconceito contra pessoas mais velhas no mercado de trabalho.
“Pode não parecer que Hillary Clinton e Donald J. Trump têm muito em comum, mas ambos estão buscando emprego. Com idades de 68 e 70 anos, respectivamente, fazem parte de uma grande parcela de americanos que estão revolucionando radicalmente o conceito de aposentadoria”, diz Applewhite.

Segundo a escritora, quase 20% dos americanos com 65 anos ou mais estão no mercado de trabalho. Ela afirma que trabalhadores mais velhos trazem, além do conhecimento, boas relações pessoais, melhor capacidade de julgamento que os mais jovens e uma perspectiva mais balanceada.
“Por que então mais de um milhão e meio de americanos com mais de 50 anos, pessoas com décadas de vida pela frente, não conseguem encontrar emprego?”, questiona. De acordo com Applewhite, o motivo não seria pessoal, mas estrutural: a discriminação com base na idade.
Dois terços das pessoas mais velhas que buscam emprego nos EUA dizem ter sido alvo de preconceito. A autora cita como exemplo o caso de um motorista de Uber com quem havia conversado duas semanas antes. O homem de 51 anos impressionou seus interlocutores durante uma entrevista para uma vaga de marketing. Após a conversa, porém, entreouviu a frase “Sim, ele é perfeito, mas velho demais”.
Um estudo de 2016 do National Bureau of Economic Research encontrou evidências de que a discriminação por idade no mercado de trabalho começa ainda mais cedo para as mulheres. A diferença entre salários aumenta a partir dos 32 anos, quando as mulheres passam a ser ignoradas para promoções.
Desencorajados, muitos americanos mais velhos deixam de procurar emprego e se tornam economicamente dependentes, reforçando a percepção equivocada de que são um fardo para a sociedade.
Um estudo de 2012 do Pew Charitable Trusts, que considerou dados dos últimos 40 anos, aponta que os índices de trabalhadores jovens e velhos são positivamente correlacionados. Ou seja, quanto mais pessoas mais velhas permanecem empregadas, a taxa de ocupação e número de horas trabalhadas melhora também para os mais jovens.
“Um amigo chama isso de ‘teste do calçado’: olhe debaixo de uma mesa, e se todos estiverem usando o mesmo tipo de calçado, você tem um problema”, afirma a escritora.
Segundo ela, a segregação por idade é uma das formas de preconceito mais presentes na sociedade contemporânea. O gerontologista da Universidade de Cornell, Karl Pillemer, por exemplo, aponta que a probabilidade de que americanos tenham amigos de raças diferentes é maior do que a de que tenham colegas dez anos mais velhos ou mais novos do que eles .
“Confrontar o preconceito contra pessoas mais velhas quer dizer unir forças. Significa enxergar as pessoas mais velhas não como um alien ou o ‘outro’, mas como nós mesmo – quer dizer, o nosso futuro”, conclui a escritora.
Gostaria muito de publicar este artigo, na íntegra, no meu Blog Viva a Velhice.
Não sei se é interessante ou triste ver iniciativas privadas transformarem a velhice em fonte de renda para o mercado e este mesmo mercado não aceitar os idosos como trabalhadores. Tem muito mais o que ser discutido sobre esse tema,
Oi, Juraci. Sem problemas. Só precisa dar o devido crédito ao “New York Times”, de onde o artigo foi retirado. Abs