Em rádio americana, repórteres apuram dúvidas de ouvintes sobre questões locais

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A pequena emissora de rádio KALW, da cidade de San Francisco, na Califórnia, EUA, lançou este ano um projeto colaborativo cujo objetivo é aproximar repórteres de questões relevantes para a comunidade local.

O Hey Area é composto por uma série de histórias baseadas em perguntas enviadas por ouvintes. A iniciativa funciona através da plataforma digital Hearken, que disponibiliza ferramentas para que jornalistas tenham maior interação com o público.

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Acampamento de San Francisco, nos Estados Unidos, alvo de questionamento em rádio (Divulgação/Dan Brekke)
Em janeiro, a enfermeira Elizabeth Marlow perguntou à KALW: “De onde vêm todas as pessoas que vivem ao longo da Division Street? Onde elas conseguiram suas tendas?” Na época, a cidade de San Francisco vinha ganhando atenção nacional devido ao aumento do número de moradores de rua. Três meses depois, no dia 12 de abril, a rádio transmitiu a resposta.

A repórter Liza Veale,responsável pela cobertura, descobriu que um homem chamado Shaun Osborn, apresentado em uma reportagem especial na rádio, havia arrecadado US$ 18.000 para comprar as tendas.

“Aprendi que cerca de 70% dos moradores de rua hoje ficaram sem casa em 2008 como resultado da crise econômica”, diz Marlow. “Então a ideia de que as pessoas vinham a San Francisco pelos benefícios sociais não é real, eles eram residentes da cidade que ficaram pobres e acabaram se dando mal.” A história se tornou uma das 10 mais acessadas do site da emissora.

A rádio responde a todas as perguntas de uma das três formas: se um repórter já está trabalhando em uma matéria relacionada com a questão, ela vai direto para produção; se a questão é considerada nova, é colocada em votação para o público e produzida meses depois; ou, se já foi coberta anteriormente, a emissora envia um e-mail ao ouvinte com um apanhado de notícias relevantes.

A bibliotecária Bridget Boylan enviou uma mensagem à rádio para descobrir por que os alto-falantes de um Burger King da cidade transmitiam música clássica. A resposta –a música era usada para afastar moradores de rua, traficantes e usuários de drogas– foi ao ar no dia 30 de junho.

“Recebemos tantas perguntas de qualidade nos primeiros dois meses que ainda estamos fazendo triagens em votações”, afirma Olivia Henry, gerente de engajamento da KALW.

Até o final deste ano, a emissora também planeja lançar um novo software, o Interactive Reporter’s Notebook, para auxiliar na comunicação com os ouvintes. O objetivo será permitir que os repórteres compartilhem notas com o público na internet durante o processo de apuração.