Em palestra na Folha, jornalista e designer Mariana Santos dá exemplos de narrativa digital
Em palestra no auditório da Folha nesta sexta-feira (26), a jornalista e designer portuguesa Mariana Santos falou sobre novos meios de narrativa digital e deu exemplos de histórias que ajudou a desenvolver nas Redações por onde passou, como o jornal inglês “The Guardian” e a rede de mídia norte-americana “Fusion”.
Segundo Mariana, uma narrativa digital deve ser visualmente agradável e sempre adaptada à tecnologia usada pelo usuário, como dispositivos mobile.
Como exemplo, a designer relembrou um infográfico interativo do “Guardian” que mostra em detalhes as áreas em que são aplicados os gastos anuais do governo britânico. De acordo com ela, a narrativa digital foi importante porque, apesar de as informações serem disponibilizados pelo governo, o leitor comum não entra nos sites para baixar esses documentos.
“Alguns criticaram a escolha de fazer o gráfico em bolas, disseram que em barras seria mais fácil visualizar”, contou. “Mas seria muito chato. Não precisamos nos guiar puramente pelos dados, devemos tentar engajar o público com mais apuro estético.”
Ela também citou um infográfico sobre como usuários do Twitter ajudaram a espalhar rumores falsos durante uma onda de ataques em Londres em 2011. Mariana afirmou que a iniciativa mostra “como a gente pode usar dados para fazer análises científicas da população”.
Já da “Fusion”, apresentou os projetos “All the time. Every day”, com depoimentos de mulheres da Cidade do México que foram vítimas de assédio, “Fertile Ground”, um jogo narrativo em que o usuário assume a identidade de uma jovem que precisa lidar com uma gravidez inesperada, e o experimento em realidade virtual “Blue Whale”, que foi desenvolvido por Simon Ducroquet, ex-infografista da Folha, e que permite conhecer de forma interativa a anatomia da baleia azul.
Durante a palestra, a designer apresentou o “19 Million Project”, um grupo de jornalistas, designers e estrategistas que visitaram Roma em 2015 com o objetivo de desenvolver projetos para auxiliar na crise dos refugiados na Europa. “O jornalista precisava deixar de pensar no produto final como um texto jornalístico. Era uma forma de ele intervir ativamente naquela situação”, afirmou.
Mariana também é criadora do Chicas Poderosas, uma comunidade com membros em diversos países da América Latina e que tem o objetivo de especializar mulheres em tecnologia e mídia. Neste ano, o grupo cobriu a Olimpíada do Rio e está criando iniciativas para aumentar o interesse do público na Paraolimpíada.