Atletas mulheres são menos mencionadas que homens na imprensa, diz estudo
Atletas mulheres são menos mencionadas que os homens e costumam ser caracterizadas por sua aparência em reportagens sobre esportes. Ao menos é o que diz um estudo feito pela Universidade de Cambridge com veículos de comunicação de língua inglesa .
Especialistas da universidade analisaram mais de 160 milhões de palavras em matérias relacionadas a esportes olímpicos. Informações coletadas nas bases de dados de imprensa mostraram que as palavras “homem” e “homens” apareceram mais que o dobro de vezes em comparação com “mulher” e “mulheres”.
A linguagem usada para falar de atletas mulheres também teve maior foco na aparência, roupas e vida pessoal, mostrando mais preocupação com a estética do que com o esporte.
Alguns termos que surgiram associados a mulheres atletas foram “envelhecida”, “grávida”, “casada” ou “solteira”. Em contrapartida, adjetivos como “mais rápido”, “forte”, “grande” e “ótimo” estavam geralmente ligados a homens esportistas.
Em termos de performance, as palavras “mentor”, “derrotar”, “vencer”, “dominar” e “batalhar” foram mais usadas para homens. As mulheres foram associadas a verbos como “competir”, “participar” e “lutar”.
As matérias analisadas utilizaram com mais frequência adjetivos para definir a atleta como mulher e as modalidades como femininas. Foi o que aconteceu com o futebol, por exemplo, citado como “futebol feminino” para as mulheres, mas apenas como “futebol” na modalidade masculina. Segundo a pesquisa, isso mostra que o homem costuma ser tratado como padrão no mundo esportivo.
O estudo também identificou um maior nível de infantilização ou linguagem tradicionalista em referência às mulheres. Elas foram tratadas com mais frequência como “garotas” ou “damas” do que os homens como “garotos” ou “cavalheiros”.
“Talvez não seja surpresa ver que mulheres recebem menos cobertura que os homens e que sua aparência física e vida pessoal são mencionadas com frequência. Será interessante ver se essa tendência vai se refletir em nosso próximo estudo sobre a linguagem usada na Olimpíada do Rio”, disse a pesquisadora da universidade, Sarah Grieves.