Jovens leem notícias de forma incidental e por meio de redes sociais, diz estudo

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Um estudo realizado pelo Meso (Centro de Estudos sobre Meios e Sociedade) na Argentina aponta que o consumo de notícias entre os jovens vem se transformando em uma prática incidental. Segundo o artigo “O meio já não é meio nem mensagem”, publicado na revista digital Anfibia, o acesso ao noticiário na internet está deixando de ser uma atividade independente para se tornar parte da socialização nas redes.

No texto, os autores identificaram uma série de práticas para as quais cunharam o termo “consumo incidental de notícias”. O estudo foi feito com base em 24 entrevistas com jovens argentinos de 18 a 29 anos, de classe média e média alta.

Estudo mostra que jovens acessam notícias por meio de redes sociais (Imagem: Reprodução/Meso)
Estudo mostra que jovens acessam notícias por meio de redes sociais (Imagem: Reprodução/Meso)

O estudo revela que os usuários entrevistados não entram no universo digital em busca de notícias, e sim as encontram em seus feeds de redes sociais. Quando clicam no link, dedicam pouco tempo à leitura, logo interrompendo-a para voltar ao Facebook.

“No geral, acesso [jornais] pelo Facebook porque alguém compartilhou uma notícia. Olho os títulos que estão na página e, se há algum que me chama a atenção, entro”, disse a universitária Maria, 22.

A estudante Romina, 19, que também participou da pesquisa, afirmou ser prática ultrapassada o acesso direto aos sites de jornais. “Se quero acompanhar uma notícia, abro o ‘La Nación’ na seção ‘último momento’, que vai atualizando a cada dois segundos. É assim que faço hoje, sou um pouco antiquada”, conta.

De acordo com o artigo, a transformação do jornalismo em uma prática incidental gera uma perda de contexto e hierarquia do conteúdo noticioso para o público. Em vez de uma visão ordenada de veículos jornalísticos, o que ficam são pedaços de histórias e opiniões inseridos em um mosaico gigantesco de informações.

Ainda segundo o estudo, a mudança rompe com uma prática de leitura jornalística típica do século 20, em que ler um jornal ou assistir a um noticiário constituem atividades autônomas, feitas em tempo e horário fixos, e que demandam que o público dedique um tempo considerável a elas.