Para editor do ‘Clarín’, intolerância deve ser enfrentada ‘com mais jornalismo’
IGOR UTSUMI
DE SÃO PAULO
Em tempos de polarizações e discussões políticas apaixonadas, “o mais importante é nunca contestar pela lógica da guerra, mas com mais jornalismo”. ” Dar uma resposta profissional.”
O conselho é do jornalista argentino Daniel Santoro, editor de política do “Clarín”.
Crítico ferrenho dos governos Kirchner, Santoro já teve e-mails pessoais publicados na internet e foi um dos alvos de campanhas promovidas contra jornalistas de veículos grandes na Argentina que faziam oposição à então presidente Cristina Kirchner.
“Existe o direito de criticar um veículo ou um jornalista, mas nos últimos anos fomos perseguidos”, afirmou.
Santoro diz que o governo Kirchner contratou jornalistas para ofender profissionais dos veículos de oposição nas redes sociais. “O melhor a fazer é levar provocações e intolerância como uma piada.”
Santoro falou em debate no 11º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, em São Paulo (SP), no último dia 23. Ele é autor de reportagens investigativas sobre desvio de dinheiro durante os mandatos Kirchner e sobre a morte do procurador argentino Alberto Nisman.
O jornalista Marcelo Moraes, editor da “Coluna do Estadão”, também participou da mesa. Ele diz que “tomar partido nas redes sociais” é prejudicial ao trabalho.
“Ninguém é filho de chocadeira, mas na hora em que você se propõe a fazer jornalismo precisa ser neutro, não pode partir de um lado”, aconselha. “No boteco é outra história, mas nas redes é preciso ser isento.”