Consumo de notícias em aparelhos móveis e redes sociais supera mídias tradicionais, mostra pesquisa
Tablets e smartphones são cada vez mais as principais plataformas usadas por leitores para consumir notícias online.
Levantamento anual feito nos Estados Unidos mostra que, enquanto o acesso de notícias por dispositivos móveis cresce de forma acelerada, versões “desktop” de sites perdem força, a mídia impressa perde receita e um número crescente de postos de trabalho são fechados no jornalismo.
As informações fazem parte da “State of the News Media 2016”, realizado pela Pew Research Center. A pesquisa só analisa veículos americanos, mas é usada por redações no mundo todo para compreender tendências do setor.
Segundo o estudo, o número de leitores que usa dispositivos móveis para acessar notícias supera os que usam um computador em 44 dos 50 maiores jornais americanos. A proporção é ainda maior ao analisar veículos em geral: acessos via celular ou tablet superam os acessos “desktop” em 99 dos 110 veículos de mídia analisados.
Redes sociais também tiveram aumento expressivo de participação na distribuição de notícias. Cerca de 62% dos americanos se informam por redes sociais, principalmente por ferramentas como Periscope, Facebook Live e vídeos nativos (reproduzidos sem redirecionamento para outra página).
Cerca de 44% dos americanos dizem ter se informado sobre as eleições em redes sociais. Na última disputa, em 2012, esse número era de 17%. Hoje, mídias eletrônicas são o segundo canal mais usado para ler notícias nos Estados Unidos, atrás apenas de televisão.
IMPACTO ECONÔMICO
“Tem gente ganhando dinheiro na internet, mas não são os veículos jornalísticos”, diz o relatório do “State of the News Media”. O gasto com anúncios em meios digitais nos EUA cresceu 20% em 2015 e chegou a US$ 60 bilhões (R$ 203,8 bilhões), mas 65% disso vai para apenas cinco empresas de tecnologia (Facebook, Google, Twitter, Pandora, Yahoo).
Segundo o Pew Research Center, a busca pela melhor forma de se conectar com audiências em redes sociais e apps como Whatsapp criou uma tensão. “Por um lado, empresas de tecnologia fornecem ferramentas que permitem criar conteúdo personalizado para cada plataforma”, mas ao mesmo tempo veículos “perdem circulação nos próprios sites e perdem parte dos dados de usuários que receberiam com isso”.
O levantamento mostra que 2015 foi um dos piores anos para os jornais desde a crise de 2009. A circulação nos dias úteis, somando digital e impresso, caiu 7% em comparação com 2014. No mesmo período, a receita oriunda de publicidade diminuiu quase 8%.
“Orçamentos menores resultam em redações menores”, conclui o relatório. Há hoje cerca de 33 mil pessoas trabalhando em redações nos Estados Unidos, 20 mil a menos do que o observado há 20 anos.
E o número tende a diminuir. Segundo o Pew Research Center, veículos norte-americanos já anunciaram o corte de pelo menos 400 vagas em 2016.