Repórter de site norte-americano inventava fontes e usava e-mails falsos

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O site norte-americano “Intercept”, especializado em reportagens sobre segurança pública, anunciou na última terça-feira (2) que um ex-funcionário inventava citações de entrevistados e, às vezes, até os próprios entrevistados, usando uma série de contas falsas de e-mail.

O repórter Juan Thompson tinha até um e-mail falso para se passar pela editora-chefe do site, Betsy Reed. Ela foi a público para esclarecer o ocorrido.

“Thompson inventava várias citações nas suas histórias e criava contas falsas de e-mail para se passar por outras pessoas, inclusive uma conta de Gmail no meu nome. Uma investigação das reportagens de Thompson encontrou três citações de pessoas que disseram que não foram entrevistadas”, afirmou Reed.

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Perfil de Juan Thompson no “Intercept”

“Pedimos desculpas para as pessoas retratadas nas matérias, para quem foi citado indevidamente e para vocês, nossos leitores”, diz o comunicado. O site corrigiu todas as matérias com citações falsas e incluiu uma nota de esclarecimento nos casos em que não é possível confirmar a veracidade das informações.

O caso que chama mais atenção é uma reportagem sobre os homicídios na igreja de Charleston, em 2015. Thompson inventou um primo de Dylan Roof, suspeito do atentado racista nos Estados Unidos, supostamente chamado Scott Roof.

Na “entrevista”, Scott Roof dizia que Dylan virou racista quando uma garota pelo qual estava apaixonado começou a namorar um homem negro. Vários outros veículos reproduziram a reportagem do “Intercept”. Na checagem feita agora, a família de Dylan Roof disse que nunca ouviu falar de um primo chamado Scott.

Quando o “Intercept” postou a retratação da editora Betsy Reed no Twitter, uma editora do “DNAInfo”, de Chicago, se pronunciou: “Não posso dizer que não esperava isso.” Thompson foi estagiário do “DNAInfo” em 2013 e, aparentemente, não saiu com uma boa reputação.

Procurada pelo “Gawker”, a editora-chefe do “Intercept” enviou uma carta que recebeu de Thompson, em que ele se justifica pela situação.

“Eu tinha um hábito de escrever rascunhos das matérias, colocar o nome das pessoas que eu queria entrevistar, e depois procurar os entrevistados”, comentou, alegando que, depois, esquecia de trocar os nomes. “Era desleixo? Sim? Mas eu sou ‘foca’, e esperava ter uma editora competente e uma estrutura para me orientar, o que eu nunca tive na sua empresa.”