Imagem de garoto sírio morto provoca polêmica em diversos jornais
A foto do garoto sírio Aylan Kurdi, de três anos, encontrado morto na costa da Turquia, provocou discussão sobre os limites do uso de imagens fortes pelos meios de comunicação.
A imagem da fotógrafa Nilüfer Demir, que rapidamente alcançou repercussão mundial por meio das redes sociais, hoje estampa as primeiras páginas de vários jornais de todos os continentes.
Uma outra imagem, menos impressionante, de um oficial turco carregando o corpo nos braços, foi a opção mais conservadora de outros veículos.
A discussão gira em torno de dois argumentos principais: publicar a imagem explícita e comover o leitor ou respeitar o corpo encontrado em circunstância tão cruel.
Houve debate em Redações por todo o mundo. Os americanos “The Wall Street Journal”, “The Washington Post” e “The Los Angeles Times” optaram por publicar na capa a imagem em que o corpo do garoto aparece carregado pelo policial.
A Folha também publicou na Primeira Página a foto menos chocante –“O Globo” e “O Estado de S. Paulo” fizeram o mesmo.
Após debate, “The New York Times” publicou em página interna a versão mais branda do acidente.
Max Fisher, o diretor editorial do site “Vox Media”, optou por não publicar a imagem pelo aspecto viral que ela recebeu. Ele afirma que o garoto não pode consentir em tornar-se um símbolo, o que deveria ser respeitado.
O inglês “The Independent” deu na capa a imagem do garoto encontrado na praia, com o questionamento “Se esta poderosa imagem de uma criança síria morta não mudar a atitude da Europa em relação aos refugiados, o que mudará?”.
O argentino “Clarín” decidiu publicar a foto mais explícita e a direção de Redação redigiu um texto explicando a opção. Argumenta-se que a foto do garoto carregado pelo socorrista não conta toda a história –e pode até confundir o leitor, passando a ideia de que o garoto está vivo. Já a imagem do corpo não precisa de nenhuma explicação.
Nessa mesma linha, seguem os argumentos de muitos ativistas de direitos humanos e diversos jornalistas e fotojornalistas: é preciso mostrar a verdade, apesar de ser chocante e dolorosa.