‘Brasil foi pioneiro, mas está ficando para trás’, diz autor de livro sobre Aids
O país, primeiro a distribuir remédios anti-HIV no sistema público de saúde, tem ido na contramão do mundo hoje: houve uma alta de 21% nos novos infectados desde 2001, período em que os casos mundiais caíram em 38%.
“O Brasil foi pioneiro, mas está ficando para trás, fundamentalmente em prevenção: fala-se muito pouco sobre Aids nas escolas, as autoridades acham que é suficiente fazer propaganda no Carnaval e Parada Gay”, critica o médico. “E não é só isso, nossos medicamentos estão ultrapassados: um comprimido que reúne três remédios, incorporado no tratamento da Aids há uma década, chegou aqui só nesse ano.”
Para a confecção da obra, além das palavras do infectologista, foram escolhidas pessoas cujos casos fossem representativos e não caíssem em estereótipos. É o caso de Marieta, uma senhora de 66 anos que, ao descobrir ter sido infectada, indignou-se: “Onde já se viu falar para uma senhora de idade que ela tem HIV?”
O livro mostra como é possível levar uma vida plena sendo soropositivo. Ao mesmo tempo, porém, é um alerta. “Hoje, 30% dos novos infectados são pessoas abaixo de 25 anos, que não viveram o choque inicial da epidemia e terão a responsabilidade de se medicar por 50 anos”, adverte Timerman.