‘New York Magazine’ traz 35 mulheres que acusam Bill Cosby de estupro
A edição da “New York Magazine” desta quinzena traz 35 mulheres em sua capa. Sentadas em fileiras, semblantes sérios, as mãos sobre o colo. Todas elas em posições parecidas, mas todas bastante diferentes entre si. A pose, no entanto, não é a única condição que elas têm em comum: todas compartilham histórias semelhantes de abuso e violência. O responsável, segundo elas, é a estrela do humor americano Bill Cosby.
Cosby é acusado de tê-las drogado e estuprado. Os casos remontam a cinco décadas, sendo o primeiro na década de 1960 e o último em 2008. Todas as narrativas seguem um padrão: as mulheres estavam sozinhas na companhia do comediante e, após tomarem uma bebida, ficavam inconscientes. Quando acordavam, horas depois, descobriam-se em posições vulneráveis, muitas vezes despidas.
“Presidentes o admiram, Oprah Winfrey o admira. Pessoas que eu respeito não têm ideia de como ele realmente é”, disse a escritora Joan Tarshis em entrevista ao “Washington Post”. Neste ano, as comediantes Tina Fey e Amy Poehler causaram polêmica ao mencionarem as acusações de estupro contra Cosby em seu discurso de abertura do Golden Globes.
Além de dar espaço às denúncias, a reportagem da revista nova-iorquina problematiza o que seria uma cultura de silêncio frente ao estupro. O título da matéria, feita pelas jornalistas Noreen Malone e Amanda Demme, declara: “Não tenho mais medo”. Embaixo dele, as 35 mulheres estão sentadas, mas há 36 cadeiras: uma resta desocupada –vazio que pode ser interpretado tanto como um encorajamento para que mais mulheres façam seu relato quanto como uma advertência de que a violência sexual persiste.