Criador de uma das manchetes mais criativas dos EUA morre aos 74
Autor de uma das manchetes mais criativas da história do jornalismo americano, Vincent Musetto, editor aposentado do jornal “New York Post”, morreu na terça-feira (9), em Nova York, vítima de câncer pancreático. Ele tinha 74 anos.
Musetto foi o autor da manchete “Headless Body in Topless Bar”, algo do tipo “Corpo decapitado em bar de striptease”, publicada dia 15 de abril de 1983, no “New York Post”.
De acordo com o obituário do “New York Times”, o título da notícia é tido como um dos mais famosos e audaciosos dos EUA.
O crime atrás da manchete aconteceu em 13 de abril de 1983. Charles Dingle estava bebendo em um bar no bairro Jamaica, em Nova York, quando discutiu com o proprietário, Herbert Cummings, e o matou a tiros. Ele então fez várias mulheres de reféns, estuprou uma e forçou outra a cortar a cabeça do dono do bar.
Preso no dia seguinte, Dingle foi condenado a 25 anos de prisão e morreu na cadeia em 2012.
Mais do que a barbaridade do crime, o que ficou na memória dos leitores foi a manchete, por sua audácia em não usar verbos e pelo jogo com adjetivos paralelos.
Como comparação, o próprio “NYT” lembra a sua manchete conservadora sobre o mesmo crime: “Owner of a Bar Shot to Death; Suspect Is Held” (“Proprietário de bar é morto a tiros; suspeito é preso”). Os termos “headless” (decapitado) não foi mencionado até o terceiro parágrafo da reportagem, e “topless” não foi utilizado.
A manchete de Musetto virou pop. Foi estampada em camisetas e virou título do filme “Headless body in topless bar”, estrelado por Raymond J. Barry, baseado no crime de 1983.
Ainda segundo o “NYT”, essa manchete não era a favorita de Musetto. A sua preferida era “Granny executed in her pink pajamas” (“Avó morta vestindo seu pijama rosa”), pulicada em 1984 no “Post”.
Musetto trabalhou por 40 anos no jornal em diversas funções, incluindo editor de entretenimento. Depois de se aposentar em 2011, passou a contribuir com resenhas de filmes.