Relatório aponta erros primários em apuração da “Rolling Stone”

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No último domingo (5), foi publicado um relatório produzido por membros da Escola de Jornalismo da Universidade Columbia (NY) sobre a reportagem da revista “Rolling Stone” que contava um caso de estupro ocorrido em 2012 no campus da Universidade de Virgínia.

O relatório, encomendado pela própria direção da “Rolling Stone”, aponta erros básicos de apuração, na “prática rotineira do jornalismo” de verificar detalhes fornecidos pela vítima, identificada apenas como Jackie.

Faltou o “outro lado” na reportagem, construída com base em uma única fonte. A revista deveria ter tentado identificar os agressores e precisaria ter ouvido a fraternidade universitária acusada por Jackie, afirma o relatório da Columbia. A repórter Sabrina Erdely, autora da reportagem, não ouviu nem amigos da estudante supostamente estuprada, que são citados com pseudônimo no texto. Ela não teria procurado os agressores atendendo a um apelo da entrevistada, que temia represálias.

Erdely se pronunciou publicamente neste domingo pela primeira vez desde que a história saiu, em novembro de 2014. Pediu desculpas aos leitores da “Rolling Stone”, aos seus colegas e a todas as vítimas de abuso que possam se sentir receosas após a polêmica em torno da reportagem -que foi retirada do ar.

Tanto a repórter, quanto o editor-chefe da revista, Will Dana, atribuíram o erro ao excesso de confiança no relato da vítima, devido à delicadeza do assunto e ao temor de traumatizá-la novamente durante a apuração.

O diretor da “Rolling Stone”, Jann Wenner, já anunciou que a repórter Sabrina Erdely, o editor da matéria, Sean Woods, e o editor-executivo Will Dana continuarão trabalhando na revista.

A reportagem

A rape on campus
Ilustração da matéria “A rape on campus” na edição de novembro da Rolling Stone.

A reportagem de capa da “Rolling Stone” contava em detalhes como Jackie havia sido estuprada por sete homens em 2012, na casa de uma das fraternidades do campus da Universidade de Virgínia, nos EUA.

A repercussão foi imediata e o texto obteve mais de 2,7 milhões de visualizações. Porém, poucos dias depois de sua publicação, o relato começou a ter sua veracidade questionada.

Um dezembro, o “Washington Post” apontou diversas inconsistências no relato publicado na “Rolling Stone”, inclusive com entrevistas com os membros da fraternidade acusada. As novas informações levaram o editor-chefe da revista Will Dana a publicar uma nota admitindo os erros na apuração e pedindo desculpas aos leitores e envolvidos na história.