Jornalistas egípcios se voltam contra editores que prometem lealdade ao governo
A crescente repressão à liberdade de imprensa no Egito provocou um racha entre jornalistas e editores dos principais jornais do país.
O motivo foi uma promessa feita, em outubro, na qual editores se comprometiam em reduzir as críticas ao governo militar.
Uma carta assinada por pelo menos 350 jornalistas condenou a decisão, que seria um “retrocesso para a liberdade de imprensa” .
“A mídia, algemada e de lábios selados, entrega a nação ao extremismo e transforma a opinião pública em uma criatura cega”, afirma a declaração.
A polêmica surgiu após dois ataques, na península do Sinai, provocarem a morte de 31 soldados egípcios. Editores de 17 publicações fizeram uma declaração condenando as ofensivas e prometendo combater “a cultura hostil em relação às fundações do estado egípcio”.
Os repórteres, no entanto, pedem que editores saibam distinguir entre a luta contra o terrorismo e o surgimento de um novo fascismo estatal.
O cerco aos jornalistas no Egito vem crescendo desde a deposição do presidente eleito Mohammed Mursi, em julho de 2013.
No dia 1º de outubro, autoridades confiscaram toda a tiragem de um dos maiores jornais privados do país, o “Al Masry Al Youm”. A edição trazia uma entrevista com um antigo espião egípcio que revelava informações confidenciais do Estado.
Dias antes, o presidente Abdel Fattah El-Sisi disse que não havia limitações à liberdade de expressão no Egito.
Outro caso polêmico foi a condenação de três jornalistas da rede Al Jazeera, sediada no Qatar. Eles foram acusados de apoiar a Irmandade Muçulmana e ameaçar a segurança nacional egípcia.
O presidente Sisi afirmou que não iria intervir na decisão.
Durante sua campanha política, em maio deste ano, Sisi disse que a imprensa não deveria pedir ativamente liberdade de imprensa, atitude que representaria uma ameaça à segurança nacional e criaria “ceticismo e mal-estar na sociedade.”