Cinco lições de Ben Bradlee, editor do ‘Washington Post’ no caso Watergate
Por Galeno Lima
Confira algumas máximas sobre jornalismo de Ben Bradlee (1921-2014), que foi o editor-executivo do “Washington Post” durante o caso Watergate e morreu na terça-feira (21):
1. “Seja cético, mas não a ponto de não acreditar em ninguém”
“A primeira lição que um jornalista tem que aprender é que uma coisa não é necessariamente verdade só porque alguém disse que era.”
“Você precisa ser cético. Espero que não se torne tão cético a ponto de não acreditar em ninguém e não poder mudar de opinião. Você precisa ter a capacidade de mudar de opinião nesse ramo. A respeito de histórias e pessoas.”
2. “Um jornal tem que deixar o mundo melhor do que quando o encontrou”
“Entrei no jornal por diversas razões, mas a principal foi que pensei que, se você fosse capaz de encontrar a verdade e compartilhá-la com os leitores, eles seriam melhor informados, e um mundo melhor informado é um mundo melhor. Acho que o impacto que um jornal tem é de deixar o mundo melhor do que quando o encontrou.”
3. “Estou mais preocupado com a relação entre a imprensa e o governo”
“Qual é o nosso papel na invasão de privacidade, qual é a linha entre invasão de privacidade e o direito do público de saber?”
“É suficiente que você explique para os jovens repórteres, para sensibilizá-los quanto a isso, para que tomem cuidado para não cruzar a linha. Tenho a impressão de que você não vai ser repórter por muito tempo se você ultrapassá-la constantemente.”
“Na minha lista de preocupações, isso está lá pra baixo. Estou mais preocupado com a relação entre a imprensa e o governo do que com a relação entre a imprensa e o público.”
4. “Nós temos uma série de trabalhos a fazer, mas um deles não é sermos amados.”
“Nós não temos que ser amados. Temos que ser respeitados. Não é preciso que gostem de nós.”
5. “Espero que as pessoas lamentem quando eu partir, sejam gratas pelo que eu tentei fazer, mas acho que será um evento menor.”
“O acaso de eu ter o emprego que tenho me dá um prazer tão enorme que desafia qualquer descrição. Já disse várias vezes que eu pagaria para trabalhar aqui, se eu pudesse pagar”
*As frases foram retiradas de entrevista feita com o jornalista em 1986 pelo Instituto Poynter.