Quando o jornalismo viola as regras

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Por Fernanda Perrin

A cobertura do ebola pelo jornal espanhol “El País” tem recebido críticas de leitores, segundo coluna da ombudsman do jornal, Lola Galán.

A polêmica principal se refere a um artigo de 10 de outubro que relata problemas de vigilância na área hospitalar reservada para pessoas que tiveram contato com Teresa Romero, primeira pessoa infectada pelo vírus na Europa. A repórter Pilar Álvarez violou as regras de segurança ao entrar no local clandestinamente e sem proteção.

Os leitores acusam o jornal de falta de ética, irresponsabilidade e sensacionalismo. “Não se pode criticar as autoridades por improvisação e falta de zelo na aplicação dos protocolos de segurança e ao mesmo tempo violá-los deliberadamente”, afirma um deles.

Por outro lado, defensores deste tipo de abordagem (o chamado “periodismo encubierto”) sustentam que a quebra de regras se justifica diante do interesse público na informação buscada.

Para Jorge Rodríguez, redator-chefe da seção “Noticias” do “El País”, o interesse público era justificado por tratar-se de assunto relevante e noticioso. Sobre a repórter, ele afirma que sabia que o local era seguro e que seria impossível seu contágio.

Por que supor então que a situação dos pacientes requer vigilância especial?”, questiona a ombudsman. Galán defende que, em uma situação de crise como a do ebola, a função do jornalismo é oferecer informações “verdadeiras, completas e de alta qualidade”.

Para ela, a matéria é um erro, um mero relato da “aventura” da repórter, viável graças à própria falta de vigilância denunciada.

E vocês, concordam com a ombudsman?