“Estou na minha fase derradeira e gloriosa”, diz Cid Moreira
Prestes a completar 70 anos de carreira, Cid Moreira, 86, não considera o jornalismo a sua maior obra, mas sim o trabalho que desenvolve desde os anos 1990 sobre a Bíblia. Em 2011, o jornalista completou a gravação da obra na íntegra, vendendo milhões de cópias.
Âncora do “Jornal Nacional” durante 27 anos, radialista e narrador, Moreira também avalia que a televisão melhorou muito em qualidade desde a sua época de bancada. Ele aponta a maior informalidade como um dos pontos fortes dos telejornais atuais.
Confira abaixo a entrevista feita pelas trainees Carolina Dantas, Fernanda Perrin, Flávia Faria e Natália Portinari, durante o Prêmio Comunique-se, em São Paulo, na terça-feira (23). Uma versão da entrevista foi publicada na coluna Mônica Bergamo, no sábado (27).
Folha – O que o senhor tem feito ultimamente? Tem trabalhado em algum projeto pessoal?
Cid Moreira – Olha, a minha vida é de fases. Tive fase do rádio, fase de cinema, fase de TV, e agora estou na fase bíblica. Estou divulgando a Bíblia. Tenho conseguido resultados maravilhosos. Por exemplo, a Bíblia que eu gravei, com trilha de cinema, efeitos, personagens, vamos dizer assim, o cego vê as imagens. A intenção é que as pessoas vejam. Essa Bíblia já foi incluída num aplicativo que tem acesso de mais de cem milhões de pessoas no mundo.
Em várias línguas?
Não. Em português é a minha gravação.
O acesso ao aplicativo é gratuito?
É gratuito, é claro.
O senhor é muito religioso?
Não era, mas agora eu sou.
O que mudou?
Milagre da Bíblia. Você começa a ler a Bíblia, trabalhar com a Bíblia, e as coisas vão acontecendo.
Quando os senhor começou a ler a Bíblia?
Comecei no início da década de 90, quando gravei salmos. A Globo me ajudou muito. Gravei vários clipes, gravei trechos da Bíblia, enfim… Começou a fase que vai ser a minha fase derradeira e gloriosa. Estou completando agora no final do mês 70 anos de carreira e 87 de idade.
Desse tempo todo, o que o senhor mais gostou de fazer?
O que eu estou fazendo agora.
Como o senhor analisa a televisão atualmente? O senhor acha que mudou muita coisa?
Acho sim, melhorou muito.
Em conteúdo também?
Não só a imagem, que hoje é digital, mas mesmo os apresentadores estão mais soltos, mais informais. Acho que está ótimo. Nota dez.
Era mais difícil na sua época?
Era, claro.
Por quê?
Porque era mais formal.
O senhor sente vontade de voltar a fazer televisão?
Minha filha, com 87 anos, pelo amor de Deus!