Pequeno passo para um repórter, salto gigante para um trainee

Sabine Righetti

As trainees Ione Aguiar e Renata Melleu são as autoras da primeira matéria publicada pela turma atual de Treinamento Integrado (jornalismo diário e jornalismo gráfico) da Folha.

Elas foram responsáveis por uma página inteira de Ciência+Saúde no sábado 22 de março. A pauta, sugerida por elas, foi peculiar: um projeto que quer colonizar Marte em 2025.

Leia: Brasileira passa para 2ª fase de seleção de projeto para ir a Marte

Depois da publicação, pedi para as duas escreverem um depoimento para o Novo em Folha contando a experiência.

A Renata Melleu, que ficou sem dormir na noite anterior ao fechamento pensando nas possibilidades de arte, conta que a principal angústia era saber que a matéria “seria lida pelo Brasil inteiro.”

“Eu me sentia como um esquilo-hiperativo-estressado, tamanha a responsabilidade de publicar minha primeira capa no maior jornal do país, mas ao mesmo tempo orgulhosa e realizada.”

A Ione Aguiar escreveu um depoimento muito divertido sobre a experiência, que reproduzo abaixo.

Parabéns, meninas!

Um pequeno passo para um repórter, um salto gigantesco para um trainee

Fiquei sabendo que estava incumbida de fazer uma reportagem para Ciência+Saúde com um “high five” da Sabine Righetti, editora-adjunta interina do Treinamento. “Sua pauta foi aprovada. Mais tarde conversamos”, comemorou, antes de me cumprimentar com um simpático toque de mão.

A trainee Renata Melleu, minha parceira de missão, foi encarregada de produzir infográficos para complementar o texto sobre a Mars One, organização que promete enviar humanos a Marte até 2025.

Passada a euforia da boa notícia, minha cabeça foi assombrada por uma revoada de fantasmas. E se eu não conseguir entregar meu texto a tempo? E se ninguém me der entrevista? E se a ombudsman fizer um “especial Ione” após a publicação?

Mais tarde naquele dia, Renata e eu ficamos sabendo de mais detalhes: a reportagem seria capa de sábado ou domingo e deveria ter cerca de 35 cm — no jornal, os textos são medidos por centímetros, e não por caracteres.

Para quem escreve, é pouco. Para quem lê, é muito. O exercício de síntese é um dos desafios de escrever em um jornal.

Instruções dadas, passei a trabalhar na pauta. Foram 46 e-mails trocados, mais uma dezena de ligações e um zilhão de pesquisas em sites e bases de dados. Conforme fui aprofundando minha apuração, foi diminuindo meu medo de errar.

No dia do fechamento, a editoria determinou que o texto teria mais de 50 cm. Para quem havia escrito quase 1 metro, a decisão não foi um problema e sim uma solução.

Nenhum dos meus temores se confirmou: todas as fontes deram ótimas entrevistas e consegui entregar tudo com calma.

Mais ou menos uma hora depois, enquanto devorava temakis em um restaurante a 5,1 km do prédio da Folha, recebi uma ligação da Alessandra Balles, responsável pelo Treinamento.

Ela precisava do link de um vídeo citado no texto para a versão on-line da reportagem. “Publicar é assim mesmo”, disse ela, num misto de piada e puxão de orelha.

Da minha estreia nas páginas da Folha, ficaram duas lições:

1 – Acredite na sua pauta. Quanto mais você apura, mais segurança tem para defendê-la.

2 – Nem tudo acaba quando termina. Mesmo depois de entregar o texto, podem surgir dúvidas emergenciais.