O dia em que cobri protesto de salto alto

Sabine Righetti

Aprendi, aqui na Folha, que devemos estar sempre vestidos de acordo com o local da pauta que estamos fazendo. Eu, que sou caxias, sempre fiz isso e digo para os trainees fazerem o mesmo.

O problema é que às vezes a situação sai do controle e das mais espertas previsões.

Recentemente, passei por uma situação assim.

Fui de roupa social, maquiagem e salto alto ao Palácio dos Bandeirantes, onde aconteceu, no dia 25 de janeiro, a posse do reitor da USP.

Lá, falei com o ministro Marco Antonio Raupp (Ciência), com o novo reitor, com cientistas importantes que estavam de beca para a cerimônia.

Também pretendia falar com o prefeito Fernando Haddad e com o governador Geraldo Alckmin. Eu estava completamente preparada para isso.

O problema foi que no mesmo dia houve o primeiro grande ato contra a Copa do Mundo, que acabou em conflitos, lojas quebradas e 135 detidos.

DO ALTO 

Lá fui eu, de salto, direto do palácio, para a manifestação.

De salto desci a Brigadeiro sentido centro e, depois, subi pela rua Augusta sentido Paulista.

Corri de salto quando estouraram as primeiras bombas de gás lacrimogêneo.

E estava de salto quando fiz uma série de fotos das manifestações.

Uma delas entrou na capa da edição do dia seguinte.

Foto de capa da edição de 26 de janeiro feita com celular durante os protestos do dia anterior
Foto de capa da edição de 26 de janeiro feita com celular durante os protestos do dia anterior. Sabine Righetti/Folhapress

Outras, como essa, foram usadas em matérias.

No mundo ideal, eu deveria ter uma sapatilha na bolsa, algo assim, que me permitisse um pouco mais de conforto nas pernas em caso de pauta na rua.

Mas o aprendizado que ficou foi: não dá para usar a roupa como desculpa para não fazer uma boa cobertura! 🙂